Brasil registra 4 milhões de empresas inadimplentes
Fonte: Folha de São Paulo
O Brasil registrou 4 milhões de empresas inadimplentes, mais da metade das 7,9 milhões de empresas em operação, segundo critérios da Serasa Experian (é considerada em operação a empresa que teve o CNPJ consultado no último ano e que consta em atividade na Receita).
Juntas, as empresas inadimplentes somam dívidas de R$ 92 bilhões, segundo dados de agosto da Serasa.
O volume é o maior desde julho do ano passado, quando a inadimplência no setor produtivo chegou a 3,5 milhões de devedoras, com
R$ 80 bilhões em débitos.
R$ 80 bilhões em débitos.
São dívidas em média com 30 dias de atraso e que constam no cadastro da Serasa Experian, dona do maior banco de dados de crédito do país.
As inadimplentes devem a bancos, deram cheques sem fundo, tiveram títulos protestados ou enfrentam ações judiciais porque não pagaram a fornecedores ou funcionários. Há casos ainda de empresas que entraram em recuperação judicial (processo em que pede prazo para negociar com credores).
Com o aumento dos juros, mais restrições para obter crédito e queda nas vendas, essas empresas enfrentam mais dificuldade para manter as contas em dia.
"O quadro de recessão na economia afeta diretamente o ritmo de negócios e a geração de caixa das empresas", diz Luiz Rabi, economista-chefe da Serasa
Do total de empresa inadimplentes, 46% estão no comércio (varejo de bebidas, vestuário, veículos, eletrônicos e outros); 44% no setor de serviços (bares, restaurantes, turismo, salões de beleza) e 10% na indústria.
Nove em cada dez inadimplentes são de micro e pequeno portes. Metade delas está na região Sudeste.
EM ALTA
Economistas e empresários acreditam que a tendência é de a inadimplência continuar subindo -entre empresas e entre as pessoas físicas.
"Com a queda nas vendas e os juros nas alturas não há mudança nesse cenário [de endividamento]", diz Marcel Solimeo, da Associação Comercial de São Paulo.
No setor industrial, a situação não é diferente. "As empresas estão enfrentando mais dificuldade nas vendas de prazos mais longos, em que existe mais necessidade de capital de giro", diz José Ricardo Roriz Coelho, diretor do departamento de competitividade da Fiesp.
"E também para discutir alternativas de refinanciamento de dívidas e tomar novos créditos pela falta de perspectivas de melhora do cenário", acrescenta o executivo.
Patrícia Krause, economista-chefe da Coface (empresa especializada em seguro de crédito) para a América Latina, destaca ainda o forte impacto da variação cambial, especialmente no setor industrial, e da elevação da tarifa de energia como fatores que contribuem para agravar a situação do setor. "Estão cada vez mais recorrentes os pedidos de recuperação judicial."
"A condição de capital próprio também vem se deteriorando nos anos recentes o que tem limitado opções e forçado as empresas a deixarem de honrar seus compromissos, elevando a inadimplência", avalia Nicolas Tinga, economista-chefe da Acrefi, associação que reúne as instituições de crédito e financeiras, ao lembrar que o planejamento financeiro das empresas tem sido mais afetado neste ano.
"Uma reversão desse quadro depende antes que tudo de sinalização positiva na economia, algo que ainda está em perspectiva insuficiente para mudar as expectativas e futuramente trazer de volta a confiança dos agentes econômicos", completa o economista.
PESSOA FÍSICA
A Serasa Experian também registrou que 3,1 milhões de consumidores entraram na lista de inadimplentes de dezembro de 2014 a agosto deste ano.
Existem no Brasil 57,2 milhões de pessoas endividadas com bancos (financiamento de carros, imóveis), com o varejo e com contas de consumo (luz, água, telefone) em atraso. Juntos esses consumidores devem R$ 246 bilhões.
Esse conjunto de endividados representa 39% do total da população adulta do país - ou seja, com 18 anos ou mais. "Equivale dizer que a cada dez consumidores adultos quatro estão inadimplentes no Brasil;", ressalta Rabi.
O desemprego e a inflação elevada são os principais fatores para explicar o aumento do endividamento entre as pessoas físicas.
"Os reajustes salarias, menores neste período de crise, também complicam a renda do trabalhador. Com menos dinheiro no bolso, fica mais difícil para o consumidor quitar as dívidas", afirma Solimeo, economista da associação comercial
Matéria divulgada no site do IBPT.
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