Saber diferenciar o risco da incerteza é o primeiro passo para fugir da negligência e da irresponsabilidade.
Ah se o mundo fosse perfeito, não haveria razões para qualquer espécie de dúvida! Entretanto, sabemos que a perfeição não existe e que qualquer coisa parecida com isso é pura alquimia, ou seja, uma busca sem sentido por algo desmedido que nos leva para o caminho da frustração pessoal e/ou profissional. Em se tratando de negócios, há muito sabemos que os mercados e as sociedades são dinâmicos e complexos o suficiente para não os subestimarmos. Por outro lado, devemos manter nossa "balança decisória" bem equilibrada para não incorrermos, também, em superestimações.
Manter esse equilíbrio significa, antes de mais nada, ter a consciência de que os riscos e as incertezas existem em qualquer espécie de situação em que nos inserimos através de nossas ações e reações. E embora nos policiemos à evitá-los, não possuímos uma "bola de cristal" que nos elucide sobre todas as possibilidades de revés existentes. Nesse sentido, é descabido "fugir" de todos eles em um mercado e em uma sociedade que exigem sua assunção. E isso não é uma alternativa. E com um mercado e uma sociedade cada vez mais dinâmicos e complexos, o que fazer para ter desempenho?
Antes de responder a essa questão, precisamos sintetizar o que vem a ser risco e incerteza. Há uma pequena diferença entre esses dois termos, embora muitos pensem se tratar de sinônimos. O conceito de risco está relacionado ao conjunto de variáveis conhecidas sobre um determinado evento, que permitem calcular sua ocorrência em todas as suas possibilidades de forma combinada, onde os resultados de cada possibilidade podem ser medidos de forma a aceitar ou refutar sua utilização. Já o conceito de incerteza incorpora uma ou mais variáveis que não podem ser "medidas", de forma que o tomador de decisões não tem como saber sobre o "tamanho" do impacto de sua(s) escolha(s).
No mundo dos negócios, esses dois termos são recorrentemente levantados e usados de forma bastante genérica. E isso é muito frustrante, pois quando identificados de forma incorreta, sempre causam perdas pessoais e/ou organizacionais desnecessárias. É por isso que o entendimento conceitual de cada um desses termos é fundamental para o processo decisório. Por isso, o primeiro passo, sempre deverá ser destrinchar as variáveis da questão em evidência, separando aquilo que é risco daquilo que é incerteza. Feito isso, o caminho para um resultado que promova o desempenho é menos oneroso, pois o gestor poderá trabalhar com maior efetividade.
Mas, muito embora saber identificar riscos e incertezas seja um passo fundamental para decidir com maior grau de efetividade, isso não significa, de forma alguma, garantia de bom desempenho para nada nem para ninguém. Tudo que isso significa é a garantia de que o indivíduo não esteja sendo negligente ilícito e/ou irresponsável. E sempre haverá riscos e incertezas no "corpo" de qualquer espécie de paradigma, pois foi assim numa questão antiga e será numa questão nova. O exemplo mais prático sobre isso pode ser evidenciado no enunciado que se encontra nas plataformas de investimentos financeiros de renda variável, mais ou menos assim: "desempenho anterior não é garantia de mesmo desempenho futuro".
Portanto, os riscos podem ser controlados e previstos. As incertezas, não; pois nos deixam com muitas dúvidas. Saber essa diferenciação é o primeiro passo para que o indivíduo possa atingir um bom desempenho. Isso não é garantia de sucesso, mas é garantia de responsabilidade e compromisso com àquilo que deve ser feito. Entretanto, não há como "fugir" das incertezas. As inovações dependem delas.
Fonte: Administradores.com
Matéria publicada no site do Conselho Federal de Administração
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