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Jornal do Comércio Caderno Contabilidade

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Onda verde invade as rotinas contábeis

A Contabilidade Ambiental pode ser uma aliada na hora de valorar não só os gastos ou investimentos em programas na área como também os benefícios financeiros dessas ações


Roberta Mello

ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
Ott explica que demonstrar preocupação com o que está à volta é importante para todas organizações
Ott explica que demonstrar preocupação com o que está à volta é importante para todas organizações
A grande preocupação com as questões ambientais e com o impacto dos atos individuais e das atividades empresariais no meio ambiente trouxe consigo a maior conscientização de que todos são responsáveis pela preservação da natureza. Isso inclui os contadores, os técnicos em contabilidade e os demais profissionais envolvidos com questões fiscais dentro das empresas privadas e públicas.

Considerada uma ramificação da Ciência Contábil já existente, o Contabilidade Ambiental tem o papel de identificar, mensurar e avaliar toda a interação da empresa com o meio ambiente do ponto de vista monetário. Em outras palavras, ela busca encontrar números para expressar como a interação das empresas com a natureza se reflete no seu patrimônio.

O contador e professor de Ciências Contábeis da Unisinos Ernani Ott explica que demonstrar preocupação com o que está à volta é importante para todas as organizações, mas salienta que a avaliação se torna questão de vida ou morte para aquelas que ofereceram ou ainda oferecem algum risco, como por exemplo, uma empresa poluidora.

Uma das dificuldades em desenvolver a Contabilidade Ambiental em todo seu potencial, no entanto, é o fato do assunto "ser encarado como unicamente gerencial", determina a professora das disciplinas de Contabilidade Ambiental e Social do curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Marivane Vestena Rossato. "A avaliação dessa interação entre empresa e natureza não ocorre para fins de evidenciação, publicação e tomada de decisão", avalia Marivane.

A divulgação de um balanço ambiental esbarra na falta de legislação específica e na demora para sua inclusão entre as Normas Brasileiras de Contabilidade. Sendo assim, aquelas empresas que decidem aderir ao balanço ambiental normalmente o fazem dentro do balanço anual de contas, colocando essas informações dentro de outro item obrigatório, com mais detalhes em Nota Explicativa.

O mais comum, adverte o professor Ernani Ott, é que o impacto ambiental entre na contabilidade apenas quando a empresa é multada por infrações cometidas, isto é, quando sai perdendo. Nessa situação, ela acaba gerando um passivo, uma dívida, e não há como não repercutir no balanço da empresa.

Contudo, explica Ott, o investimento ambiental pode ser mais do que um gasto. "Uma empresa que se dá conta do desperdício de material e resolve industrializá-lo e transformar em produto a ser vendido, está reaproveitando e lucrando. Esse é apenas um dos casos em que a preocupação ambiental se torna um ativo", exemplifica.

Ainda que informalmente, a contabilidade ambiental colabora para pôr o ambiente de negócios brasileiro dentro daquilo que os investidores, principalmente estrangeiros, buscam. Um dos ativos mais importantes é a adesão ao Sistema de Gestão Ambiental, que consta nos balanços de todas aquelas que o desenvolvem através da publicação do investimento feito para sua implementação. Ott lembra que tendo certificação certamente a empresa terá também vantagens competitivas em relação a outra empresa, além de agregar valor à própria imagem. "Porém, ainda não se consegue medir quanto é decorrente do investimento ambiental", diz Ott, salientando que esse talvez seja o grande desafio da Contabilidade Ambiental.

CFC estuda norma que regulamente parâmetros

A avaliação da qualidade das informações ambientais nos balanços e demonstrações contábeis e de resultados fica prejudicada pela falta de parâmetros nacionais. A esperança está na aprovação de uma nova Norma Brasileira de Contabilidade (NBC), em análise pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC).

Apesar da NBC T 15 "estabelecer procedimentos para evidenciação de informações de natureza social e ambiental com o objetivo de demonstrar à sociedade a participação e a responsabilidade da entidade", ela não define conceitos para a contabilização dos eventos, afirmam os especialistas. Já a nota ainda não aprovada pelo CFC define conceitos e critérios para reconhecimento, classificação, mensuração e divulgação dos eventos e transações que refletem as interações da entidade com o meio ambiente.

A professora universitária Marivane Vestena Rossato colaborou informalmente com as atividades do Grupo de Estudos de Informações de Natureza Ambiental responsável por elaborar a minuta (instituído pela Portaria CFC nº 76/08). A espera para que a nova norma entre em vigor já dura mais de cinco anos. A minuta passou por processo de audiência pública e depende da aprovação do órgão para começar a valer.

A nova norma ambiental, conforme a minuta, será aplicada a todas as atividades econômicas que causem ou venham a causar, direta ou indiretamente, algum tipo de impacto ao meio ambiente, que poderá ser de natureza positiva ou negativa. Além de um avanço técnico, ela renova as esperanças após a revogação da Norma e Procedimento de Auditoria (NPA) nº 11.

O documento, anulado em 2011, estabelecia "os liames entre a contabilidade e o meio ambiente, tendo em vista que, como as demais ciências, incumbe-lhe, também, participar dos esforços em favor da defesa e proteção contra a poluição e as agressões à vida humana e à natureza".

Projetos com impactos positivos ganham espaço

Aquelas empresas que desejam investir em programas sociais e ambientais eficientes podem começar pela criação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e a desenvolver iniciativas que beneficiem a comunidade e vegetação no entorno.

O SGA é fundamental para as organizações que desejam aplicar a ABNT NBR ISO 14001. Porém, tão importante quanto investir em gestão ambiental é ter certeza do impacto positivo e dar visibilidade às ações. Por isso, um grande número de companhias buscam o auxílio de organizações não governamentais e de negócios sociais especializados para colocar em prática seus projetos.

Notando um interesse cada vez maior do mundo corporativo em realizar ações que auxiliem a vizinhanças, mas que não sabem por onde começar, Mariana Madureira e a sócia Marianne Costa decidiram criar a Raizes Desenvolvimento Sustentável. Elas também auxiliam na implementação de projetos de empresas que não contam com equipe interna para fazê-lo.

Tudo começou em 2006, com foco no turismo, área de formação das duas. Depois, se deram conta de um novo nicho de mercado: o de projetos empresariais. A Raizes se envolve no diagnóstico, gerenciamento, execução e acompanhamento de projetos por todo o território nacional, passando pelo enraizamento comunitário a fim de garantir a durabilidade do projeto.

Atualmente, grandes corporações como Vale do Rio Doce, Grupo Galvão, Toyota e Tam, além de pequenas e médias empresas, estão entre os clientes da Raízes do Brasil. No caso da Toyota, o planejamento focou na sustentabilidade financeira e captação de recursos do Instituto Arara Azul, de Mato Grosso do Sul, entidade apoiada há anos pela Fundação Toyota.

Já o projeto contratado pelo Grupo Galvão, por exemplo, teve como escopo a criação de um plano colaborativo de uso do espaço para a Associação Multicultural e Educacional (Ame) de São Bento do Norte, no Rio Grande do Norte, que ganhou um espaço para gerir ações em prol do município. A iniciativa foi uma contrapartida social pela construção de parques eólicos na região.

Mariana explica que, muitas vezes, o desenvolvimento desses projetos é uma condição obrigatória. "Mas também cresce a consciência de que, além do ganho de imagem na sociedade mais geral, é preciso conseguir ter um trabalho harmônico na comunidade local", afirma.

As empresas de contabilidade também estão atentas e aderem à onda verde. A Rockembach, que atua na área de Auditoria, em Porto Alegre, foi a primeira do ramo a entrar no programa Carbon Free. A organização está financiando o plantio de árvores nativas de mata atlântica para a compensação total das emissões de gases de efeito estufa

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