Como enfrentar a crise brasileira e prosperar
O Brasil enfrenta um tipo grave e raro de crise, aquela que é composta por diferentes agentes políticos e econômicos, que formam o que na meteorologia se chama de “tempestade perfeita”. E, para aumentar a turbulência, ainda conta com elementos imponderáveis e sempre surpreendentes, como por exemplo: os desdobramentos da Operação Lava Jato e a forte interveniência do Poder Judiciário, agindo como fiel da balança nos embates entre os poderes legislativo e o executivo.
Todos estes fatores somados e presentes no mesmo momento têm aumentado a instabilidade geral da Nação, onde a baixa confiança no poder de reação deste governo interino, aliada à falta gritante de lideranças, dificulta ainda mais o surgimento de soluções nos âmbitos político/ econômico e retomada do crescimento, que propiciasse o equilíbrio das contas públicas, a diminuição gradativa dos juros e também da inflação, fomentando a criação de novos postos de trabalho.
Mas, todo empreendedor acredita que “crise pode ser sinônimo de oportunidade” e esta linha de pensamento faz toda diferença no mundo dos negócios, quando se consegue enxergar soluções, onde as outras pessoas só vêm problemas. Com este tipo de reação às adversidades, o empresário consegue identificar novos produtos, serviços, nichos de mercado ou mesmo melhorias e diferenciais para satisfazer, ainda mais, seus clientes atuais fidelizando-os e conquistar novos clientes para seu negócio.
Vivemos momentos de pessimismo e para superá-los e manter os negócios, é preciso muita atenção aos movimentos do mercado, disciplina e uma certa dose de ousadia, tomando certos cuidados e seguindo algumas dicas. Confira:
a) Atualmente, a situação não está confortável para ninguém, portanto queixar-se excessivamente sobre as dificuldades pelas quais está passando não vai aliviar ou resolver tal cenário. Concentre seus esforços e seus recursos em ações positivas, modificadoras, que possam alterar o atual “status quo” de seu negócio, investindo em conhecimento específico de sua área de atuação, procurando descobrir novas práticas que aplicadas em sua empresa, tenham poder de causar mudanças e melhorias.
b) Buscar o equilíbrio entre suas receitas e suas despesas em dias de crise, significa reduzir custos fixos de forma a eliminar desperdícios, evitar e diminuir despesas ou mesmo adiá-las. Sobras eventuais de capital referente a economia de despesas podem auxiliar a financiar novas ideias ou projetos. Analise constante e atentamente suas despesas e descobrirá aquelas que devem permanecer realmente em seu fluxo de caixa;
c) Em complementação ao item acima, exerça forte controle sobre seu capital de giro, adequando-o ás necessidades atuais da empresa, sem influência de nobres históricos que não se justificam neste momento. Observe o custo interno desse capital e compare com as taxas de trazer capital de banco ou de terceiros para a empresa. Verá que não vale a pena tal custo;
d) Proliferam os conselhos no mercado para que as empresas valorizem e/ou invistam em produtos/ serviços de maior valor agregado, mas será que é isso que seus clientes esperam? Antes de mais nada, deve-se fazer uma revisão geral dos custos e margens, constatando aqueles que efetivamente em nada contribuem para a manutenção do faturamento e do mix, avaliando se é possível promover alterações que os mantenham na mira de seus clientes, mas que aumentem sua rentabilidade. É bom pensar também na criação de diferenciais competitivos, que destaquem a empresa de seus concorrentes, por meio de investimento em novos produtos/ serviços, ou ampliando os benefícios dos existentes. Caso opte por buscar auxílio técnico de pessoas e/ou empresas especializadas, tais como profissionais experts ou consultorias, procure certificar-se quanto à idoneidade e competência destes, por meio de consultas sobre resultados de seus trabalhos junto a alguns de seus clientes;;
e) Desde sempre, a marca da empresa pode ser muito apreciada pelos seus clientes e fornecedores, porém nem sempre lhe é atribuído o seu real valor. Boas políticas de “branding”, desenvolvidas para sedimentar posicionamento de mercado e percepção quanto aos objetivos tácitos da organização, agregam valor à marca e aos resultados de negócios, satisfazendo toda cadeia de stakeholders;
f) Conhecer o seu cliente faz toda a diferença! Com as constantes mudanças e avanços, não só tecnológicos, mas também os aspectos culturais/ comportamentais, o cliente é exposto à um verdadeiro bombardeio de ofertas de produtos e serviços diferentes a cada dia, pois ficou claro que a sociedade de consumo atual caminha organizadamente para a satisfação líquida da obsolescência programada. Faz-se necessário um bom estudo sobre as informações de consumo de sua base de clientes, procurando implementar ações que ajam como fatores de fidelização, evitando perde-los para a concorrência que, em épocas de crise, disputa cada cliente como se fosse único, por se portar excessivamente competitiva;
g) É fundamental qualificar, motivar, envolver e manter comprometida toda equipe, afinal é ela quem está permanentemente em contato com o cliente. Quando se diz “conhecer o cliente” para poder prestar-lhe um atendimento “feliz”, quando as necessidades de aquisição e provimento são atendidas de maneira completa, com atendimento ao cliente de forma cortês e eficiente, tanto quanto se satisfaz as necessidades de realizar negócios da empresa. Para tanto, o desempenho de comandados e gestores deve acontecer em estado de harmonia e eficiência, com definição clara de papéis e responsabilidades de cada funcionário, mas sobretudo ter plena satisfação e prazer naquilo que fazem;
h) Além de menor preço e fornecimento dos produtos que necessitam, os consumidores de hoje buscam outras atratividades no comércio, tais como: conforto na locomoção e temperatura dentro da loja; comunicação visual clara e precificação eficiente; exposição organizada e atrativa de produtos, com destaque de ofertas e promoções; atendimento cordial e atencioso; facilidades para pagamento e entrega de suas compras, entre outras. Capriche no visual e organização de sua loja, buscando incluir no seu mix de produtos, aqueles que seus clientes sempre procuram ou desejam, procurando prestar um atendimento tanto cordial quanto eficiente, de maneira que seu cliente se sinta inteiramente satisfeito e fiel ao seu negócio;
i) Um de nossos maiores comunicadores de massa, Abelardo Barbosa, o Chacrinha, disse: - Quem não se comunica, se “trumbica”! Portanto, investir em comunicação passa a ser uma necessidade e não uma mera atividade. Desenvolva um plano de comunicação integrada, com utilização de mídias eficientes, adequadas aos canais que efetivamente atingem o perfil de seus clientes, para que não haja desperdícios de recursos da empresa. Lembre-se que se a empresa não se faz lembrar, não divulga suas ofertas e não se comunica com seu cliente, coloca-se em posição de obscuridade ou anonimato, perdendo oportunidades de desenvolvimento e fortalecimento, aproveitadas por seus concorrentes;
j) Segundo especialistas e economistas, a crise porque passamos no Brasil é "de confiança", ou a falta dela, quanto à capacidade de nossos governantes e gestores administrarem e solucionarem nossos problemas sócio (ético)/político/econômicos e obscuridade quanto aos rumos do país, deixando toda população, empresários e demais players de mercado absolutamente inseguros quanto ao futuro da nação. Com este cenário, os consumidores se resguardam evitando gastar suas economias em bens de maior valor agregado, restringindo-se ao consumo de subsistência, quando são atendidas apenas as necessidades básicas de alimentação, transporte e moradia. As pessoas evitam o endividamento para aquisição de bens duráveis, tanto quanto os agentes financeiros estão reticentes e extremamente cuidadosos na concessão de crédito. Ficam algumas perguntas: - seu negócio depende de linhas de crédito? Suas taxas estão competitivas e atraentes para motivar o consumo? Ao realizar negócios com base em crédito ao consumidor, faça-o de maneira seletiva, com base em análises e concessões de crédito eficientes e seguras, para não cair na malha da inadimplência;
Apesar de os brasileiros estarem relativamente “acostumados” a conviver com seguidas crises, temos certeza que esta se diferencia de todas as anteriores, pela diversidade de causas e volume de problemas, atingindo diversos setores econômicos e a população de maneira geral. Baseados em análises e comentários de profissionais e especialistas nacionais e estrangeiros, acreditamos que fatores internos e externos de superação das dificuldades globais, nos animam a pensar que com dedicação, seriedade, disciplina e muito amor pelo que faz, os brasileiros sairão da crise, aproveitando as oportunidades que ela trouxe, tornando-os ainda mais competentes e maduros.
Fonte: Administradores.com
Matéria publicada no site do Conselho Federal de Administração
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