Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Com a previsão de crescer 3% neste ano, segundo as
instituições financeiras, a economia brasileira dependerá das medidas de
estímulo lançadas pelo governo para atingir essa expectativa.
Economistas ouvidos pela Agência Brasil, no entanto,
divergem sobre a eficácia das ações tomadas até agora pelo governo,
voltadas para a redução de impostos para determinados setores da
economia e o aumento dos gastos públicos.
Para Carlos Eduardo Freitas, ex-diretor do Banco Central, o foco das
medidas econômicas está errado. Segundo ele, o Brasil não está
crescendo pouco por causa da falta de demanda, mas da baixa taxa de
investimento. “Estimular o consumo, como o governo está querendo fazer,
só pressiona a inflação, enquanto o real problema está do lado da
oferta“, diz.
De acordo com Freitas, o baixo crescimento dos últimos anos foi
provocado pela baixa taxa de investimento. Para ele, isso se deve à
mudança de política econômica do governo, que provocou temor nos
empresários em relação ao futuro do país e restringiu os investimentos.
“O empresário olha para o futuro na hora de tomar decisões. O grau de
intervenção do governo na economia tem assustado o empresariado e o
investidor brasileiro e estrangeiro”, diz.
Na avaliação do ex-diretor do Banco Central, a taxa de investimentos
só voltará a aumentar se o governo voltar a se comprometer com os três
pilares que guiaram a política econômica brasileira desde o fim dos anos
1990: superávit primário forte, câmbio livre e cumprimento da meta de
inflação.
Professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
Reinaldo Gonçalves também acredita que as medidas estão no rumo errado,
mas por diferentes motivos. Para ele, é necessário estimular a demanda
em tempo de crise, mas as medidas devem beneficiar toda a economia, não
apenas determinados setores com poder de barganha escolhidos pelo
governo.
“O empresário só investe se tiver certeza de que terá demanda para
seus produtos. Seria muito mais eficaz o governo reduzir o imposto para
toda a população, que poderia consumir o produto que quiser”, critica.
“O governo só tem reduzido tributos para determinados segmentos da
economia, o que transformou a política econômica em um balcão de
negócios.”
Apesar das críticas, há economistas que acreditam que o governo está
no rumo certo. Para Newton Marques, professor de economia da
Universidade de Brasília (UnB), as medidas de estímulo têm cumprido o
objetivo de evitar que o país caia em recessão. “As desonerações
beneficiam setores com contribuição importante para o PIB. Se o governo
não tivesse feito nada, o país estaria em recessão, em vez de ter
crescido 0,9% no ano passado”, diz.
Marques lembra que o governo não tem agido apenas para estimular o
consumo e reduzir a folha de pagamento das empresas, mas também tem
incentivado os investimentos por meio das linhas de crédito do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da concessão de
rodovias, ferrovias e aeroportos. “O governo tem feito a sua parte. O
grande mistério é saber por que os empresários não estão investindo”,
diz.
Edição: Fábio Massalli
Fonte: Agência Brasil
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