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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O que os novos administradores podem esperar para o futuro

Milhares de jovens se preparam para enfrentar, nas próximas semanas, os vestibulares e processos seletivos para o curso de administração, que sempre foi considerado porta de entrada para o mundo corporativo e formação básica para quem deseja construir uma carreira de executivo de sucesso. Prova disso é que a administração é o curso de graduação com maior número de universitários matriculados- quase 800 mil, ou mais de 16% do total de matrículas, segundo o Censo da Educação Superior de 2007, divulgado pelo MEC.
O aumento do número de cursos superiores de administração tem acompanhado o crescimento e a modernização da economia brasileira ao longo das últimas décadas. De 31 em 1967 para 177 em 1973; de 244 em 1978 para 354 cursos em 1995. Em 2005, já havia quase dois mil cursos de administração espalhados pelo país.
Não resta a menor dúvida de que a administração oferece formação adequada para o profissional que deseja transitar pela maioria das áreas empresariais, em todos os segmentos da economia, independentemente da qualidade do ensino superior que se oferece no país. O mercado de trabalho é vasto, mas a concorrência também é acirrada.
A questão de inserção no mercado, porém, é mais complexa e menos linear. Na realidade, os formados em administração competem com profissionais graduados em outras especialidades, como engenheiros, que sempre mostraram incrível capacidade de adaptar às necessidades de diferentes departamentos e áreas dentro das empresas. Um exemplo: a alta direção de uma das maiores instituições financeiras do país sempre foi integrada, majoritariamente, por executivos formados em engenharia pela Politécnica da USP, e não por graduados em economia ou administração, como deveria supor o senso comum.
Engenheiros estão espalhados não só pelas áreas de manufatura e produção, mas também exercem funções de gestores nas áreas de TI, logística, recursos humanos, finanças e até marketing em empresas de todos os segmentos da economia. Pesquisa realizada em 2006 com 200 jovens executivos associados ao Instituto de Executivo de Finanças constatou que 45% deles eram formados em administração e 14,2%, em engenharia.
Outra pesquisa, do Programa de Administração de Varejo (Provar-FIA), revelou que 50% dos executivos do setor de varejo tinham cursos relacionados à área de administração de empresas, marketing, ciências contábeis e economia, enquanto a outra metade era constituída de profissionais de outras áreas -arquitetura, direito, jornalismo, educação, biblioteconomia, ciências exatas e biomédicas.
As radicais transformações por que passa o mundo dos negócios e o dinamismo do mercado têm quebrado paradigmas da formação universitária. O curso superior é requisito fundamental para o acesso às empresas, mas há outros fatores que vão determinar o sucesso profissional.
No caso particular da administração, o profissional não pode se contentar com o diploma de graduação. Ele deve partir para uma especialização, mestrado, doutorado ou MBA, de forma a ampliar seus conhecimentos e suas competências. Assim, terá melhores condições de competir não só com seus pares de formação, como também com aqueles profissionais graduados em outras áreas, como engenharia ou direito, que se especializam em administração e disputam as mesmas vagas. Em outras palavras, o curso de graduação em administração pode ser pré-requisito, mas não é o bastante.
Ressalte-se que o mundo dos negócios valoriza e incentiva, mas não se prende às amarras da formação acadêmica. Na ótica das organizações, os gestores devem ser aqueles que, independentemente da formação universitária, reúnem as melhores competências e capacidades para liderar- entre elas, poderíamos citar a visão holística e estratégica do negócio, resiliência e capacidade de comunicação e de agregar equipes em torno dos objetivos corporativos.
Marcelo Mariaca é presidente da Mariaca, parceiro global para o Brasil da Lee Hecht Harrison e da InterSearch Worldwide
Fonte: Valor Econômico

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