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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Falta de capital físico e humano freia o Brasil

Expressão ‘armadilha’ ganhou força entre analistas após a divulgação de alta de 0,6% do PIB no terceiro trimestre

Crescimento de longo prazo depende basicamente de três fatores: estoque de capital humano, inovação e capital físico. São nestas três áreas, portanto, que o Brasil deveria investir para sair da situação atual - batizada pelo economista e sócio da MB Associados, José Roberto Mendonça de Barros, de “armadilha de baixo crescimento”, segundo analistas e economistas. A expressão ganhou apoio entre analistas, especialmente após a divulgação da expansão de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre ante ao segundo - taxa que equivale à metade da mediana das expectativas do mercado, que era de 1,2%.

No governo da presidente Dilma Rousseff, o crescimento médio da economia é de 2,4%, quase idêntico à média do governo Fernando Henrique Cardoso, de 2,3%, apesar das diversas medidas de estímulo econômico e também de desonerações. Só neste ano, de acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o governo federal abriu mão de uma arrecadação de R$ 45 bilhões por conta das isenções fiscais a vários setores da economia, com a redução de impostos e desoneração da folha de pagamento.

Mendonça de Barros, consultado em novembro, disse estar convencido de que o Brasil está preso em uma “armadilha de baixo crescimento”, porque a demanda tende a ser mais lenta que a registrada no passado recente. Isso porque o grosso da inclusão de novos consumidores no mercado já ocorreu e porque as finanças públicas não suportam mais reajustes de salários acima da variação da inflação.

“O Brasil tem uma taxa pífia de investimento em capital humano e em capital físico. Então, o crescimento vai ser baixo no longo prazo. Conjunturalmente, pode se ter um crescimento mais alto no curto prazo, mas no longo prazo, vai ter constrangimento. Ou se investe em capital humano e físico, o que implica ter menos consumo no presente, ou não cresce”, afirmou o sócio da Opus Investimentos, José Márcio Camargo. Para ele, ou o Brasil opta por uma poupança no presente ou vai crescer pouco. “A meu ver, a armadilha do Brasil é fundamentalmente essa, o que significa que o Brasil é um país muito pouco competitivo”, emendou o economista.

Armadilha, discorda Camargo, é quando se cai em uma situação inesperada. “Acho que este crescimento já era esperado porque um país que investe 18% do PIB e cuja parte substancial da sua força de trabalho é analfabeta funcional tem dificuldade para competir e crescer. Não vejo uma armadilha. É esperado”, disse Camargo. Para ele, ou o governo investe em capital humano e físico, para deslanchar o crescimento, ou ficará em busca de soluções pontuais, como “dar câmbio para gerar crescimento”. Na Coreia, exemplifica Camargo, a moeda (won) está valorizada, assim como ocorre com o peso chileno. Mas a economia de ambos os países cresce. “Temos de olhar aqui dentro e ver por que estamos com um desempenho tão ruim em relação aos nossos pares”.

O economista-chefe do Itaú Unibanco e ex-diretor do Banco Central, Ilan Goldfajn, acredita que, se um país não investe, não pode crescer. “Não sei se é uma armadilha, mas se um país não investe, não cuida da educação e das instituições, não cresce”, disse, ponderando que armadilha dá uma ideia de que se está preso e não consegue sair. “Não gosto desta expressão, mas está claro que os investimentos em educação na Ásia estão tendo efeito. O sucesso da Coreia tem a ver com educação que, no limite, foi uma obsessão. A China está parecida.”

Contágio internacional é limitado, ponderam especialistas

Os economistas ponderam também que não se deve atribuir ao cenário econômico internacional toda a culpa pelo baixo crescimento brasileiro.  O ex-presidente do Banco Central e atual sócio da Tendências Consultoria Integrada, Gustavo Loyola, concorda que o ambiente externo desfavorável não é dos mais propícios. A despeito da crise internacional, ele comenta que outros países têm se “virado melhor” que o Brasil e continuam recebendo investimentos e crescendo. Citou, por exemplo, Chile, Peru e Colômbia, cujas economias têm registrado avanços mais significativos do que o Brasil. “Como é que a gente pode culpar somente uma situação internacional na medida em que outros países estão se virando melhor?”, questionou.

O ex-diretor do BC e atual economista da Fecomércio-RJ, Carlos Thadeu de Freitas, considera o termo “armadilha de baixo crescimento” um pouco forte, mas avalia que, para sair da situação atual, o Brasil terá de retomar investimentos e depender menos da variável consumo, que tende a se desacelerar naturalmente. “O grande ponto é este. Estamos vendo um momento único, que o mercado de trabalho está muito aquecido, e a massa real de salários tem crescido. Mas isso tem limites. Acho que vamos ter que furar um pouco esta bolha do mercado de trabalho de ganhos reais que sustentou o consumo até recentemente.”

Goldfajn, do Itaú Unibanco, também acredita que as finanças públicas não têm mais condições de arcar com reajustes salariais acima da inflação. Para ele, esta situação já foi em parte resolvida pela presidente Dilma. Ela concedeu 15% de reajuste para o funcionalismo público e, de agora em diante, deverá conceder apenas a variação da inflação. “A presidente Dilma tem alinhado os salários às outras variáveis”, elogiou.

O economista-chefe da Votorantim Corretora, Roberto Padovani,  compartilha dessa avaliação, mas cita outros motivos para o baixo crescimento do Brasil. Segundo ele, além do impacto da crise sobre a economia, o País tem alta carga tributária, elevado custo da mão de obra e gargalos em infraestrutura.  Além disso, segundo ele, o investimento, que é o componente mais volátil do PIB, teve uma oscilação muito brusca, o que ajuda a justificar a baixa expansão da economia. 


Fonte: Jornal do Comércio RS

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