Nova regra leva em conta soma entre idade mínima e tempo de contribuição ao INSS para obter a aposentadoria
O governo federal prepara um projeto de lei que
substitui o fator previdenciário por uma regra que mescla idade mínima e
tempo de contribuição ao INSS para obter a aposentadoria. Apelidada de
95/105, a fórmula, que entraria em vigor no médio prazo, exige que a
soma entre o tempo de contribuição e a idade seja de 95 anos para
mulheres e 105 anos para homens.
O projeto está engatilhado para o
caso de o Congresso Nacional retomar a votação do fim do fator
previdenciário. A estratégia é simples, como definiu um auxiliar
presidencial no Palácio do Planalto: “Se o fim do fator previdenciário
voltar à pauta da Câmara dos Deputados, o projeto de lei entra no topo
da agenda de Dilma. Caso contrário, essa briga vai ficar para depois”.
O
governo prevê a instituição da fórmula 95/105 em um período de médio
prazo, isto é, em até 12 anos, a partir da criação do novo mecanismo.
Até a adoção dessas regras, o projeto prevê fórmulas graduais, partindo
de 85/95 para a concessão de aposentadorias pelo INSS.
O governo
federal está preocupado com as perspectivas para o déficit da
Previdência, caso o ritmo de crescimento da economia demore mais a
voltar. Em 2012, o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), que paga
aposentadorias e pensões a 29 milhões de pessoas, fechou com um saldo
negativo de R$ 40,8 bilhões.
Segundo o governo, o rombo só não tem aumentado de forma mais rápida por conta do forte crescimento do mercado de trabalho formal, o que eleva a arrecadação do INSS, e por conta do fator previdenciário. Criado nos anos 1990, o fator reduz o benefício previdenciário de quem se aposenta cedo.
Os técnicos do governo
federal não apoiam o fator previdenciário, mas não escondem o fato de
que o mecanismo, de fato, reduz as despesas do INSS. “Melhor com ele do
que sem ele”, admite uma fonte da equipe econômica. O cenário ideal do
governo seria substituir o fator pelo projeto que cria a regra 95/105
apenas após as eleições do ano que vem. Até lá, o Planalto pretende
construir uma agenda mais próxima daquela defendida pelas centrais
sindicais, que são contrárias ao fator previdenciário, e se opõem
fortemente ao projeto defendido pelo governo.
A maior das
entidades, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), chegou a preparar um
projeto paralelo, que prevê a troca do fator previdenciário pela
fórmula 85/95. Além deste patamar, entendem as centrais, não há
negociação. O ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, chegou a
dizer publicamente, no início do governo Dilma Rousseff, que havia
grande interesse do governo em acabar com o fator previdenciário, mas
ele só poderia ser substituído por uma nova fórmula. Depois da aprovação
da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal
(Funpresp), em abril de 2012, o ministro afirmou que a pauta seguinte do
ministério seria a reforma do RGPS e das pensões por morte.
Fonte: Matéria publicada no Jornal do Comércio RS
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