A entrevista de emprego é um momento relativamente tenso
para os candidatos. Mas, engana-se quem pensa que só eles cometem gafes.
Os recrutadores também podem errar.
“Por falta de preparo ou
inexperiência em recrutamento, o entrevistador pode utilizar mal o tempo
da entrevista. Esta não deve ser uma mera conversa. Tanto entrevistado
quanto recrutador devem estar preparados para ir além das informações do
currículo e entenderem o que é melhor para a empresa”, explica Cassio
Quintao, sócio da PROFF Gente & Gestão.
O processo de seleção possui três
etapas fundamentais: identificar as necessidades da empresa, traçar o
perfil de quem ocupará a vaga e selecionar o profissional mais
apropriado para a função. Uma seleção eficiente impacta na retenção do
funcionário, reduzindo o índice de turn-over e melhorando os resultados
da equipe.
Cassio destaca abaixo as falhas mais comuns dos recrutadores nos processos de seleção e como evitá-los:
1. Falar mais do que ouvir:
o recrutador deve explicar quais serão as funções da vaga e como
funciona a empresa. No entanto, deve oferecer ao candidato tempo
suficiente para que ele possa expor os motivos pelo qual deseja
trabalhar na empresa, justificar porque é qualificado para assumir o
cargo e falar de experiências que teve e resultados que conquistou em
posições ocupadas anteriormente. O recrutador que não deixa o candidato
falar perde a oportunidade de conhecê-lo melhor;
2. Não ler o currículo antes da entrevista:
o processo de triagem é essencial para otimizar o tempo do recrutador e
evitar entrevistas desnecessárias. Além disso, assim como é importante
que o candidato conheça a empresa, é de bom tom que esta conheça quem
está selecionando. Tendo em mão as informações básicas da trajetória
profissional e acadêmica do candidato, este não precisa repassá-las e
pode conversar com o recrutador sobre como ele se vê na empresa e o que
pretende trazer para ela;
3. Fazer perguntas/testes esdrúxulos:
saber qual é o signo ou pedir para o candidato desenhar pode até
satisfazer a curiosidade do recrutador, mas não vai mostrar se o
profissional a ser contratado é capaz de trazer os resultados
necessários para a empresa ou se conseguirá se relacionar bem com a
equipe. Atenha-se aos fatos e qualidades profissionais do candidato;
4. Atrasar:
organize-se para atender a todos os candidatos no horário marcado. Este
não seria entrevistado com bons olhos se chegasse atrasado. A empresa
que deixa o candidato esperando não será tratada com seriedade;
5. Não considerar funcionários da empresa para o cargo:
o profissional que recebe uma proposta da própria empresa se sente
valorizado. Além disso, ele já está familiarizado com os procedimentos
da empresa e sua cultura, portanto, irá se adaptar melhor que uma pessoa
“de fora”;
6. Fazer perguntas óbvias – e esperar respostas que digam muito sobre o candidato:
todo profissional já teve que responder, pelo menos uma vez na vida,
qual era seu defeito. Todo recrutador já ouviu a resposta
‘perfeccionismo’. Ambos saíram insatisfeitos, porque era uma pergunta
óbvia, que merecia uma resposta à altura. O recrutador deve procurar por
profissionais que tragam soluções e ideias e deve instigar o candidato a
trazê-las desde o momento da seleção. Só assim saberá se ele está apto a
ocupar a vaga;
7. Processos seletivos muito longos:
é cansativo para o candidato e para o recrutador, além de caro para a
empresa. Dependendo do perfil da vaga é preciso a criação de várias
etapas para selecionar o profissional mais indicado para a empresa, no
entanto, quanto mais gerencial for o cargo, mais objetivo deve ser o
processo de seleção;
8. Não considerar as habilidades comportamentais:
mais do que um currículo excepcional, é cada dia mais importante
avaliar a habilidade do profissional de se relacionar com colegas e
superiores. Saber inspirar a equipe e gerar um clima organizacional
favorável é indispensável para um líder e essencial para a conquista de
bons resultados;
9. Não pensar no longo prazo:
a seleção do candidato deve ser feita de forma a imaginá-lo seguindo
uma carreira na empresa. O índice de turn-over nas empresas brasileiras é
alto, tanto que, o número de trabalhadores que está há mais de cinco
anos na mesma empresa caiu de 41,9% em 2006 para 36,4%, em abril de
2012. Para evitar esse quadro, mais do que qualificado tecnicamente, o
profissional selecionado deve estar alinhado à cultura da empresa e se
sentir privilegiado por fazer parte da mesma;
10. Não usar as redes sociais:
hoje em dia, o recrutador tem em mãos uma ferramenta que, se bem
utilizada, pode traçar um perfil mais apurado do profissional. Como ele
se relaciona com colegas, qual a extensão de sua rede de contatos, seus
interesses e posicionamento em relação a temas importantes para a
empresa, por exemplo, são algumas das características que nem sempre
conseguimos avaliar numa entrevista ou dinâmica, mas que podem ser
observadas na Internet.
O processo de seleção é uma etapa chave
na retenção de talentos. Quando bem feito, o recrutamento influencia
positivamente nos resultados conquistados pela empresa, no
relacionamento da equipe e, como consequência, na retenção dos
funcionários.
“O profissional que faz o que gosta e
se relaciona bem com seus pares é mais produtivo. Por isso, é
fundamental atentar se o perfil do contratado está alinhado ao da
empresa e dedicar tempo e atenção ao processo de seleção. Evitando os
erros citados acima, o recrutamento será mais eficiente”, conclui
Cassio.
Fonte: PROFF Gente & Gestão
Matéria publicada no site do Conselho Federal de Administração
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