O primeiro passo é deixar claro quais as competências técnicas e teóricas que esse colaborador deve ter
Por Camila F. de Mendonça, InfoMoney
Por isso, o líder deve ficar atento à forma como avalia o trabalho dos seus colaboradores. E a forma mais eficiente de fazer isso é anterior a qualquer erro que o profissional possa vir a cometer. “É preciso deixar claro quais as competências técnicas e teóricas que esse colaborador deve ter para executar o seu trabalho”, esclarece a consultora em Recursos Humanos do Grupo Soma Desenvolvimento Corporativo, Juliana Saldanha.
Para evitar equívocos na interpretação da análise que o líder faz de um profissional, é preciso deixar bem claro os objetivos do trabalho que ele executa e qual deve ser o seu papel dentro da empresa. “Dessa forma, no momento em que você vai fazer qualquer avaliação, você exclui os aspectos subjetivos dessa análise”, afirma Juliana.
O consultor sênior da consultoria De Bernt Entschev Human Capital, Rômulo Machado, concorda e ressalta: “O líder tem de deixar claro qual o objetivo desse profissional e o que ele espera dele”.
Agindo da maneira correta
Para o consultor, mesmo estabelecendo as competências e habilidades que o profissional deve ter, não são raros os líderes que apontam os erros de seus colaboradores de maneira equivocada. Por isso, na hora de fazer qualquer tipo de avaliação, ele recomenda que o gestor adote o respeito como base.
“O feedback tem de estar sempre embasado em fatos. Não é só falar, é identificar o erro e suas consequências, para que o profissional reflita sobre o que fez”, afirma. “O líder precisa mostrar a ação e as consequências dela, indicando a melhor forma de estimular o profissional a melhorar”.
Nesses casos, até o tom da voz pode gerar interpretações errôneas por parte do profissional. As palavras também devem ser escolhidas com cuidado. “Na hora de apontar o erro, o líder não pode perder a calma e nunca começar metralhando palavras – isso desestimula o profissional e o líder ainda corre o risco de sofrer uma ação por dano moral”, alerta Machado.
A maneira mais eficiente de transmitir a avaliação negativa, para o consultor, é individualmente. Para ele, tanto o líder como o profissional devem ter em mente que nenhum deles detém o conhecimento absoluto sobre o trabalho que executam. Essa percepção, se deixada clara, gera cumplicidade e dá confiança ao profissional.
Machado ainda reforça que uma maneira inteligente de apontar as falhas dos profissionais é perguntando o que os levou a executar a tarefa daquela forma e não de outra. “Quando o líder questiona, faz o profissional questionar também. Essa reflexão o estimula a entender o processo e a fazer seu trabalho de outra forma”
Os dois lados
Os especialistas ouvidos são enfáticos ao dizer que o líder não deve apenas apontar erros. Elogios também são bem-vindos. “O feedback não é só negativo. Quando a pessoa acerta, ela tem de receber o feedback positivo também, como incentivo”, analisa Machado. “A avaliação engloba os erros e os acertos”, acentua Juliana. “O líder tem de buscar a melhora do desempenho do profissional. Do que adianta apontar erros, se os acertos não forem mostrados”.
Para Machado, ao contrário dos feedbacks negativos, os acertos devem ser elogiados em público. “O feedback positivo deve ser feito sempre em público porque reforça mais a autoestima dos profissionais e estimula os demais a executar melhor suas tarefas”, aponta.
E quanto aos líderes que anunciam os erros de seus colaboradores? “Eles são ultrapassados e precisam rever os seus conceitos”, acredita Machado. Para ele, esse comportamento mais efusivo de alguns gestores pode demonstrar insegurança e até arrogância. E isso só desestimula um profissional que, se orientado da maneira correta, poderia render resultados mais consistentes para a empresa.
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