O procurador-geral do Banco Central, Isaac Sidney
Menezes Ferreira, afirmou nesta sexta-feira (22) que o capital do
sistema financeiro cairá em um quarto caso o Supremo Tribunal Federal
(STF), na próxima semana, julgue inconstitucionais os planos econômicos
das décadas de 1980 e 1990 e garanta aos poupadores os expurgos
inflacionários.
"Se o julgamento for favorável às teses dos
poupadores, isso vai significar uma perda de R$ 105 bilhões no capital
dos bancos, em valores de 2008, e R$ 149 bilhões em valores atualizados,
o que representa reduzir um quarto do capital do sistema financeiro
nacional com impacto para a concessão de crédito, na medida em que os
bancos trabalham alavancadamente, significa uma retração de crédito de
R$ 1 trilhão", afirmou o procurador após audiência com ministros do STF.
Isaac
Ferreira afirmou que uma derrota para os bancos não gera riscos de
quebra das instituições. "O sistema financeiro é saudável, é sólido, é
líquido, é capitalizado e provisionado. Não há qualquer preocupação de
quebra no sistema financeiro", disse. "Todavia, R$ 100 bilhões não são
R$ 100", acrescentou.
O procurador disse que a queda no
crédito afetará a economia, com redução do emprego e renda. Mas negou
que o BC esteja levando ao STF argumentos terroristas. "Não estamos
trazendo ao STF nenhuma preocupação de catástrofe ou preocupação de
ordem macroeconômica aguda. O que estamos é alertando que, caso os
planos sejam julgados inconstitucionais, haverá uma conta a pagar",
disse.
Os ministros da Fazenda, Guido Mantega, da
Advocacia-Geral da União, Luís Inácio Adams, o presidente do Banco
Central, Alexandre Tombini, e o procurador-geral do BC reuniram-se na
tarde desta sexta com o presidente do STF, Joaquim Barbosa, e com a
ministra Rosa Weber. Eles ainda teriam audiência com o ministro Ricardo
Lewandowski. E nos próximos dias, terão audiências com os ministros
Teori Zavascki e Cármen Lúcia. Mantega, Tombini e Adams não quiseram dar
entrevista. O julgamento dos planos econômicos está marcado para
começar na quarta-feira (27).
Fonte: Matéria publicada no Jornal do Comércio RS
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