Alterações devem resolver problemas como o regime de substituição
tributária, que tem prejudicado a competitividade de MPEs no País
Adriana Lampert
Até o final deste ano, o País poderá ver solucionada a questão da
substituição tributária, que tem inviabilizado a competitividade de
micro e pequenas empresas (MPEs). O anúncio foi feito durante o 3º Café
da Manhã da Frente Parlamentar das MPEs, promovido ontem pelo Sebrae/RS
no Hotel Embaixador, em Porto Alegre. Durante o evento que reuniu
líderes empresariais e do governo para discutir a necessidade de
desoneração dos impostos sobre a cadeia produtiva gaúcha, o
ministro-chefe da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência
da República, Guilherme Afif Domingos, reafirmou sua meta de alteração
da Lei do Simples Nacional e apontou que a solução deverá ser aplicada
já em 2014.
“Estamos fazendo um grande trabalho para que a mudança na legislação
resolva o problema da distorção da substituição tributária e que estenda
o Simples para todas as categorias de empresas”, afirmou o ministro.
Ele anunciou que deve retornar ao Rio Grande do Sul em setembro para uma
audiência pública com a presença de deputados federais a fim de que as
modificações sejam feitas através do PLP 237 (de autoria do deputado
Pedro Eugênio). “Uma empresa deverá ser enquadrada no Simples de acordo
com seu porte. Neste sentido, o que importa é o faturamento (de até R$
3,6 milhões), independente do setor de atuação”, ressaltou Afif, que
está empenhado na construção de um projeto a ser apresentado à
presidente Dilma Rousseff.
O titular da secretaria disse que a meta é desburocratizar o Simples
Nacional para estimular o empreendedorismo no País. Isso inclui
facilitar o processo de abertura e fechamento de empresas. “O Simples é
um instrumento muito importante e foi uma grande conquista para as micro
e pequenas empresas, mas ainda é muito complexo”, avaliou o ministro.
Neste sentido, ele considerou que a substituição tributária “é um nó
górdio” a ser desfeito em regime de urgência.
Afif afirmou que as burocracias estaduais “deram um golpe nas MPEs,
criando o contribuinte substituto, que coloca a carga cheia no produto
quando da saída da indústria”. Isso tem anulado o poder de competição
garantido por legislação ao pequeno empresário, completou o ministro.
“Em virtude da substituição tributária, as micro e pequenas empresas não
podem estabelecer preços para competir com o grande varejo, que por sua
vez conta com o regime geral e o crédito como vantagens”, reforçou o
presidente do Sebrae/RS, Vitor Augusto Koch, que também lidera a direção
da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas no Rio Grande do Sul.
O secretário estadual da Fazenda, Odir Tonollier, reconheceu a
necessidade de fortalecimento das micro e pequenas empresas, destacando
que o governo gaúcho “apoia todas as políticas que vêm do Ministério”.
“No entanto, o Rio Grande do Sul já oferece uma política diferenciada
das demais em todo o País, reduzindo em 50% o tributo pago pelas
empresas do Simples em outros estados”, emendou. Já o coordenador da
Frente Parlamentar das MPEs da Assembleia Legislativa, deputado José
Sperotto, também defendeu melhorias no formato de tributação atual.
“Buscamos que o governo do Estado mude o olhar sobre este tema e
insistiremos na eliminação do Imposto de Fronteira.”
Entidades gaúchas buscam solução para o imposto de fronteira
Durante o evento, os representantes das entidades de varejo
conversaram com o secretário da Fazenda a fim de encontrar uma solução
para que os micro e pequenos empresários do setor possam pagar o que é
devido aos cofres estaduais sem colocar em risco suas atividades.
Segundo os varejistas, o chamado imposto de fronteira – cobrado desde
2009 – tem inviabilizado MPEs gaúchas que se utilizaram de uma liminar
para não pagar o tributo e que, recentemente, foram autuadas com multa
pelo governo do Estado.
Na avaliação do presidente do Sebrae/RS, a questão do imposto de
fronteira é ampla. “Envolve a legislação do ICMS e não trata das MPEs.
Isso tem prejudicado enormemente as empresas localizadas em cidades
próximas a Santa Catarina, como Erechim, que hoje perde vendas de forma
assustadora para os municípios de Chapecó e Concórdia”, pontuou Koch. “É
uma situação de 4% a 5% de diferença, mas que na formação do preço
final do produto significa de 15% a 20%, dependendo da escala de
compras.” Koch ainda anunciou que a FCDL e o Sebrae/RS estão negociando
com a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) uma
alternativa à legislação do ICMS para permitir que seja desonerada a
compra de algumas mercadorias fabricadas somente fora do Estado.
Segundo o secretário estadual da Fazenda, o governo gaúcho está
aberto ao diálogo, “mas deve ser uma discussão séria e sóbria”,
destacou. Tonollier lembrou que a diferença de alíquota aplicada na
compra de produtos interestaduais ocorre por uma “questão econômica”,
visando a proteger a indústria local.
O secretário ressaltou que a regulação das relações interestaduais do
comércio e da indústria serve para equalizar a condição das empresas,
de forma que não faça diferença comprar um produto em Santa Catarina ou
no Rio Grande do Sul. “Este é o passo inicial da política do ICMS.
Depois disso, podemos discutir fortalecimento e incentivo às MPEs.”
O deputado estadual Frederico Antunes (PP) aproveitou a ocasião para
lembrar que na próxima terça-feira, dia 20, a Assembleia Legislativa
deve votar a sustação do ato do Poder Executivo por meio do Requerimento
109/2013, que prevê que as micro e pequenas empresas que têm adesão ao
Simples não precisem fazer o recolhimento antecipado do imposto de
fronteira.
Fonte: Jornal do Comércio
Matéria divulgada no site do Conselho Federal de Contabilidade
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