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terça-feira, 10 de julho de 2012

Escolas de administração dos EUA acham um novo mercado

As escolas de administração dos Estados Unidos estão tentando dominar um novo nicho do mercado: os mestrados especializados.

Os cursos em áreas como gerência, contabilidade e análise, geralmente com duração de um ano e dirigidos principalmente a recém-formados com pouca ou nenhuma experiência, existem há décadas em muitas escolas da Europa e outras regiões do exterior.

Mas os programas ganharam um impulso especial nos EUA recentemente, mais do que dobrando o número de inscrições de estudantes no ano acadêmico de 2010-2011, para 52.014, em relação a 2006-2007, segundo a Associação de Escolas de Administração Colegiadas Avançadas.

O benefício para as escolas é óbvio: mais receita e uma massa crítica de estudantes para atrair recrutadores num momento em que o interesse pelos cursos tradicionais de MBA está declinando. Mas o valor para os estudantes no longo prazo ainda não está claro, pois os salários e os cargos dos que se diplomam geralmente são muito semelhantes aos dos recém contratados saídos diretamente de um curso de bacharel.

Entre as escolas de administração pioneiras nessa área está a Simon, da Universidade de Rochester.

A Simon começou oferecendo dois mestrados especializados cerca de 20 anos atrás, e passou a ampliar sua oferta de cursos em 2005 com um diploma de marketing. Aí veio, numa sucessão rápida, administração médica, contabilidade e administração geral. A escola agora oferece cerca de doze cursos de mestrado especializado, incluindo dois a ser inaugurados este ano.

As inscrições para cursos de mestrado especializado aumentaram mais de 50% desde 2009, e hoje há mais estudantes nesses cursos que num MBA completo, segundo a Simon.

A Simon está colhendo os benefícios. No ano acadêmico de 2011-2012, a receita com taxas de instrução deve atingir US$ 43,1 milhões, com o mestrado especializado respondendo por 28%, ou US$ 12,1 milhões. Os cursos de mestrado em ciência (MS, na sigla em inglês) têm taxas a partir de US$ 53.516 para os programas de tempo integral e US$ 51.204 para os de tempo parcial. A taxa média para um MBA completo é de US$ 48.007 por ano.

“Nós tivemos uma agradável surpresa com este mercado”, diz Mark Zupan, reitor da Simon.
Sucessos como o da Simon encorajaram mais escolas a ampliar suas ofertas. A Escola de Administração McCombs, da Universidade do Texas em Austin, vai adicionar um MS em finanças à sua lista de cursos este ano, e também está discutindo a criação de um outro em análise de dados, cujas aulas devem começar no segundo trimestre do ano que vem. A escola já oferece mestrados em administração de risco e finanças globais.

Quanto aos estudantes, um dos maiores argumentos a favor do mestrado é o esperado aumento de salário que geralmente acompanha um diploma avançado. Mas, sem uma experiência profissional anterior, muitos alunos de mestrado acabam em posições comparáveis, em termos de salário e função, às dos bacharéis. (E isso sem levar em conta a dívida adicional de uns US$ 50.000 que eles podem ter que contrair.)

“Os alunos desses programas que não tiveram uma experiência de trabalho em tempo integral precisam entender que eles vão concorrer às oportunidades no nível de entrada [das empresas]“, diz Gary Hochberg, diretor dos programas de mestrado especializado da Escola de Administração Olin, da Universidade de Washington em St. Louis, que oferece mestrados em contabilidade, finanças e administração de cadeias de suprimento. “Eles não vão saltar por cima dos MBAs.” (Os alunos de MBA geralmente trabalham alguns anos antes de voltar à universidade, sendo assim contratados para posições mais altas.)

De fato, os estudantes podem até nem saltar por cima dos colegas que não têm um diploma avançado. Os bacharéis do curso de administração de empresas da Olin tiveram uma mediana salarial de US$ 60.250 em 2011, maior que a dos alunos dos cursos de mestrado em contabilidade e cadeia de suprimentos. A mediana dos salários dos mestrandos em finanças foi de US$ 65.000.
“Os alunos dos mestrados em administração vão encontrar um mercado bem parecido com o de um bom bacharel”, diz Robert Mittelstaedt, reitor da Escola de Administração Carey, da Universidade do Estado do Arizona, que oferece mestrados em contabilidade, tributação, desenvolvimento imobiliário e gerência de informação, e está introduzindo um novo mestrado em administração não-corporativa este ano.
Na Boston Consulting Group, os candidatos com mestrado sem experiência profissional geralmente são contratados como associados — a mesma posição que os bacharéis, diz Jennifer Comparoni, diretora de recrutamento para as Américas. Essa população cresceu, mas ainda responde por menos de 5% dos novos contratados da firma de consultoria.

Há uma disciplina em que o mestrado especializado tem um atrativo particular: contabilidade. Mais de 40 estados americanos adotaram o requisito de mais de 150 horas de aula nos exames para contador público certificado, requisito este que a maioria dos cursos de bacharel em contabilidade não preenche. Essa defasagem de horas criou um novo mercado para os diplomas avançados.

Mesmo assim, nem toda escola é a favor dos mestrados especializados. O Colégio de Administração Henry B. Tippie, da Universidade de Iowa, não quis criar tais programas, chegando à conclusão, no começo dos anos 90, de que eles eram uma distração muito grande para o MBA principal, diz Gary Fethke, professor de administração e economia e ex-reitor da Tippie. O único mestrado especializado que essa escola oferece é em contabilidade.

The Wall Street Journal
Matéria publicada no site http://jornalcontabil.com.br/

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