Pelo menos 48 grandes empresas estão sob fiscalização da Receita
Federal. O Fisco começou a analisar a fundo as amortizações de ágio
realizadas a partir de 2010 com a criação de uma metodologia específica
para esse tipo de operação. “Levamos tempo para criar um sistema que
separa o ágio bom do ruim”, afirma o coordenador-geral de fiscalização
da Receita, Iágaro Jung Martins.
Foram mapeados seis grandes escritórios de advocacia e contabilidade –
a maioria de São Paulo – que oferecem a empresas a promessa de obtenção
de ágio para redução de impostos. Essas operações são consideradas
ilícitas pelo Fisco.
Com as informações, a Receita intercepta as empresas que compram
“pacotes de planejamento tributário” e cerca de 400 auditores fiscais
selecionam quem será fiscalizado. “Conhecemos todas as empresas que
contrataram o serviço”, diz Jung Martins.
De acordo com o auditor, a orientação é para que os fiscais olhem
além dos balanços contábeis apresentados pelas empresas. “Eles devem
olhar os fatos e conhecer os setores em que atuam as empresas”, afirma.
Dessa forma, a Receita passou a designar os fiscais por atividade
econômica dos contribuintes e não mais por região do país. “O resultado
disso foi o lançamento de R$ 110 bilhões em autuações no ano passado,
acima da meta que era de R$ 96 bilhões.”
Segundo a Receita, nem todo planejamento tributário é abusivo, mas
está atenta à criação de artifícios para a obtenção de benefícios
tributários. Em relação aos casos de amortização de ágio, “o foco da
fiscalização é combater o ágio interno”, segundo o coordenador.
De acordo com Jung Martins, os negócios jurídicos dessas operações –
criação e transferência de capital entre empresas, por exemplo – podem
ser regulares. “Mas temos que analisar a lógica do negócio do ponto de
vista fiscal”, diz.
Para ele, nos casos de ágio interno, não haveria transferência de
controle entre empresas, mas mesmo assim “surge um ágio” no balanço da
controladora. “Quando se analisa o início e o fim [da operação], a
irregularidade fica tão evidente que beira o absurdo”, afirma.
Jung Martins diz ainda que os fiscais estão avaliando os laudos
apresentados pelas empresas para apurar os valores das companhias
adquiridas. “Esses laudos geralmente são subestimados. Quanto maior for a
diferença, maior será o ágio e maior será o dano ao Fisco.” (BP e TR)
Fonte : Valor
Matéria publicada no site do Jornal Contábil
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