* Bianca Langiu Carneiro
Abrir e manter uma empresa não é tarefa fácil. Aos micro e pequenos empresários, então, é como “”matar um leão por dia”". Capital escasso, dificuldade de investimentos e expansão, custo fixo desproporcional aos rendimentos, falta de mão-de-obra qualificada e comprometida, alta carga trabalhista e tributária.
Abrir e manter uma empresa não é tarefa fácil. Aos micro e pequenos empresários, então, é como “”matar um leão por dia”". Capital escasso, dificuldade de investimentos e expansão, custo fixo desproporcional aos rendimentos, falta de mão-de-obra qualificada e comprometida, alta carga trabalhista e tributária.
Segundo pesquisa do Sebrae, de 100 empresas abertas, 60 delas fecham
as portas até o segundo ano de existência, número extremamente
alarmante! E atenção: o problema em regra está na própria administração
da empresa. Não basta ser um empreendedor, é preciso ter comportamento
empreendedor. E organização e planejamento são palavras-chave para o que
se considera um bom comportamento empreendedor.
Parece muito simples dizer que uma empresa, para prosperar, deve
receber mais do que gasta. Porém, muitas vezes, os empresários não
aplicam esta premissa básica. Não sabem efetivamente qual o custo de
funcionamento da empresa, quanto se gasta por mês, quanto deve vender
para que não se tenha prejuízo, se o investimento vale a pena, quando
irá receber o investimento de volta.
Também é importante identificar o público-alvo, quais são os
concorrentes, os fornecedores e manter tais informações sempre
atualizadas.
O monitoramento sobre a evolução das receitas e despesas, em especial, deve ser constante. Deve estar “”na ponta da língua”" do empresário a fim de nortear todas as atividades da empresa.
Também é sabido que as empresas não devem misturar despesas pessoais
dos sócios com as despesas das empresas, porém, este erro é extremamente
frequente, terminando por prejudicar a devida aferição dos custos
efetivos da empresa. No mais, o planejamento das atividades da empresa
sob o aspecto jurídico e especialmente jurídico-tributário é essencial
para a boa administração do negócio.O ordenamento jurídico tributário
brasileiro caracteriza-se não apenas pela alta carga tributária como
também pelo intenso dinamismo, representado por alterações constantes na
legislação e nas normas internas das diversas esferas de governo –
municipal, estadual e federal.
Verifica-se, de um ano ao outro, alterações profundas na área
tributária, com a instituição de novos tributos, alteração de alíquotas,
concessão de isenções para determinados produtos e/ou serviços,
disponibilização de parcelamentos e benefícios fiscais, informatização
de procedimentos e imposição de diferentes obrigações acessórias. E não
apenas as regras tributárias alteram-se de forma dinâmica, mas também o
perfil de cada empresa, seu âmbito de atuação, produtos, serviços,
lucros e suas necessidades como um todo para manter-se diante da
competitividade do mercado.
Neste contexto, diante das peculiaridades de cada empresa, planejar a
atuação no âmbito tributário é medida da mais absoluta importância.
E quando se fala em planejamento tributário, que não se idealize qualquer tipo de ilegalidade o que, alguns, erroneamente, costumam atribuir a tal termo pois tal medida, de cunho preventivo, nada mais é do que utilizar de forma inteligente as ferramentas e opções disponibilizadas pela própria legislação.
Planejamento tributário, em apertada síntese, é a realização de
estudos sobre as características e peculiaridades de cada empresa,
comparando-as e adequando-as, se e quando possível, a regimes e
procedimentos tributários mais vantajosos. Diante dos dados de cada
empresa, pode ser alterado o regime de apuração do imposto de renda
(lucro real, lucro presumido), pode-se concluir pela adesão ou
desenquadramento do Simples, mudança de aspectos contábeis como a
Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), de acordo com
eventuais mudanças fáticas na produção empresarial, revisão e melhor
forma de utilização de créditos e conformação de procedimentos.
Tudo com vistas à utilização inteligente e mais benéfica das
ferramentas e medidas previstas na legislação, com a possibilidade de
redução e simplificação do passivo e das obrigações tributárias. O
planejamento tributário é não apenas recomendável como imprescindível
para que as empresas possam destacar-se no competitivo e dinâmico meio
empresarial. É certo que nem sempre o empresário dispõe de conhecimentos
para realizar a organização e o planejamento necessário à sua
atividade. Um bom comportamento empreendedor também abrange ter ciência
das suas deficiências buscando quem as supra. Assim, deve-se buscar um
profissional qualificado para assessorá-lo nestas atividades e até
procurar a ajuda de órgãos de apoio como o Sebrae.
É importante não se iludir, não esperar da sorte, não administrar uma
empresa de forma despreparada. Para ser um empreendedor, não basta o
sonho. É preciso pontuar todos os aspectos do negócio sob o âmbito
administrativo, jurídico e tributário a fim de cercar-se de todos os
requisitos para o sucesso do empreendimento.
* Bianca Langiu Carneiro é advogada
Fonte: Matéria divulgada no site Jornal Contábil
Nenhum comentário:
Postar um comentário