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1 - Símbolo
Símbolo dos mais antigos, cuja imagem já se pode
encontrar gravada na taça do rei Gudea de Lagash, 2.600 anos a.C., e
sobre as tábuas de pedra denominadas, na India, nagakals. As formas e as
interpretações do caduceu são muito mais variadas do que geralmente se
crê, não se excluem, necessariamente.
O caduceu emblema de Hermes (Mercúrio) é uma vareta
em torno da qual se enrolam, em sentido inverso, duas serpentes. Assim,
ela equilibra os dois aspectos - esquerda e direita, diurno e noturno do
símbolo da serpente. A serpente possui esse duplo aspecto simbólico: um
deles, benéfico, o outro, maléfico, dos quais possivelmente o caduceu
apresenta o antagonismo e o equilíbrio; esse equilíbrio e essa
polaridade são, sobretudo, os das correntes cósmicas, representadas de
maneira mais geral pela dupla espiral *. A lenda do caduceu relaciona-se
ao caos primordial (duas serpentes lutam) e à sua polarização
(separação das serpentes por Hermes), sendo que o enrolamento final ao
redor da vareta realiza o equilíbrio das tendências contrárias em torno
do eixo do mundo, o que leva por vezes a se dizer que o caduceu é um
símbolo de paz. Hermes é o mensageiro dos deuses e, também, o guia dos
seres em suas mudanças de estado, o que vem a corresponder justamente,
observa Guénon, aos dois sentidos ascendente e descendente das correntes
figuradas pelas duas serpentes.
O mesmo simbolismo exprime-se através do duplo
enrolamento ao redor do bastão bramânico, pelo das duas nadi do
tantrismo em volta de sushumna, pela dupla circumambulação de Izanági e
Izanâmi em torno do pilar cósmico, antes da consumação de sua união; e,
melhor ainda, por Fu-hi e Niu-kua, unidos por suas caudas de serpente e
intercambiando seus atributos do compasso * e do esquadro * (BURN, GUET,
GUES, SAIR, SCHI).
Uma outra interpretação salienta o simbolismo de
fecundidade. Formado por duas serpentes acasaladas sobre um falo em
ereção, o caduceu parece ser uma das mais antigas imagens
indo-européias. Pode-se encontrá-lo associado a numerosos ritos, tanto
na Índia antiga como na moderna; na mitologia grega, como emblema de
Hermes; depois, entre os latinos, que o transferem a Mercúrio.
Espiritualizado, esse falo de Hermes, o psicopompo penetra - segundo a
expressão usada por Henderson, discípulo de Jung (JUNS, 156) - do mundo
conhecido no desconhecido, à procura de uma mensagem espiritual de
liberação e de cura. Como se sabe, o caduceu é, hoje em dia, o emblema
universal da ciência médica. Todavia, o caduceu só adquire seu sentido
completo na época grega, quando as asas passam a encimar as duas
serpentes: a partir desse momento, o símbolo torna-se uma síntese
ctono-uraniana, transcendendo suas origens, o que leva à evocação dos
dragões alados chineses e da representação do deus asteca Ouetzalcoatl, o
qual, após seu sacrifício voluntário, renasce, através de uma ascensão
celeste, sob a forma da serpente emplumada.
A vareta mágica que representa o caduceu e que,
geralmente, é composta de um bastão ao redor do qual se enrolam duas
serpentes, evoca cultos muito antigos na bacia do mar Egeu, da árvore e
da terra que dá o sustento às serpentes (SECG, 278). Efetivamente, o
caduceu hindu associa-se à árvore sagrada... O caduceu mesopotâmico
apresenta uma vareta central. Ela parece ser exatamente a lembrança da
árvore... Tem-se portanto o direito de considerar a vareta do caduceu de
Hermes (e também, aliás, o bastão do caduceu de Esculápio) como o
símbolo da árvore, associado à divindade, morada ou substituto desta. O
fato de que essa vareta tenha tomado, posteriormente, uma outra
significação - o poder divinatório ou o poder de curar - em nada altera
seu aspecto de símbolo da eficiência da divindade da árvore (BOUA, 166).
Para Court de Gébelin, que cita Atenágoras e Macróbio
(Ambrosius Macrobius Theodosius, escritor lat., ativo no ano 400 da era
cristã), o bastão simboliza o equador, as asas simbolizam o tempo, e as
duas serpentes, macho e fêmea, representam o Sol e a Lua que, no
decurso de um ano, percorrem a eclíptica sobre a qual estão por vezes
separados, por vezes unidos. Essa interpretação convém sobretudo ao
papel de Hermes, considerado como o pai da astronomia e da agricultura
(BOUA, 168).
Por seu lado, os alquimistas também não deixaram de
dar uma interpretação do caduceu. É o cetro de Hermes, deus da alquimia.
Recebido de Apolo em troca de uma lira de sua invenção, o caduceu é
formado por uma vareta de ouro rodeada por duas serpentes. Estas
representam, para o alquimista, os dois princípios contrários que se
devem unificar, quer sejam o enxofre e o mercúrio, o fixo e o volátil, o
úmido e o seco ou o quente e o frio. Esses princípios conciliam-se no
ouro unitário da haste do caduceu que surge, portanto, como a expressão
do dualismo fundamental que ritma todo o pensamento hermético e que deve
ser reabsorvido na unidade da pedra filosofal (VANA, 18-19).
Essa interpretação insere-se num conceito que faz do
caduceu um símbolo de equilíbrio por integração de forças contrárias:
representaria o combate entre duas serpentes, do qual Hermes seria o
árbitro. Esse combate pode simbolizar a luta interior entre forças
antagônicas, de ordem biológica ou de ordem moral, que compromete a
saúde ou a honestidade de um ser. E assim é que, entre os romanos, por
exemplo, o caduceu representa o equilíbrio moral e a boa conduta: o
bastão representa o poder, as duas serpentes, a prudência, as duas asas,
a diligência, e o capacete, os pensamentos elevados. Todavia, neste
caso a interpretação não ultrapassa de modo algum o nível do
emblemático. O caduceu reúne também os quatro elementos da natureza e
seu valor simbólico: a vareta corresponde à terra, as asas, ao ar, e as
serpentes, ao fogo e à água. No que concerne a estas últimas, porém, não
é apenas o seu rastejar serpenteante que as faz semelhantes ao
movimento ondulatório das vagas e das chamas ou que as assimila à água e
ao fogo *: é sua própria natureza, ao mesmo tempo ardente, pela mordida
venenosa, e quase líquida, pela fluidez de seus corpos - o que as torna
fontes de vida e de morte a um só tempo. Segundo o esoterismo budista,
particularmente o ensinamento tântrico, o bastão do caduceu corresponde
ao eixo do mundo, e as serpentes, à Kundalini, essa força que dorme
enroscada em espiral na parte inferior do dorso humano, e que se eleva
através dos chakras sucessivos até acima da fontanela (ou moleira),
símbolo da energia pura, que anima a evolução interior do homem.
Efetivamente, o que define a essência do caduceu é a própria composição e
a síntese de seus elementos. Ele evoca o equilíbrio dinâmico de forças
opostas que se harmonizam para constituir uma forma estática e uma
estrutura ativa, mais altas e mais fortes. A dualidade das serpentes e
das asas mostra esse supremo estado de força e de autodomínio que pode
ser realizado tanto no plano dos instintos (serpentes) quanto no nível
do espírito (asas) (CIRD, 34-36). No entanto, o caduceu permanece como o
símbolo da enigmática complexidade humana e das possibilidades
infinitas de seu desenvolvimento. O atributo de Hermes (Mercúrio) é
feito de uma vareta que é a vara de ouro, ou a árvore da vida, em torno
da qual se enrolam simetricamente, em forma de 8, duas serpentes *.
Hermes , diz Homero, segura a vara por meio da qual ele embruxa a seu
bel-prazer os olhos dos mortais ou desperta aqueles que dormem (Ilíada,
XXIV, 343-344).
A vara poderia lembrar, ainda, a origem agrária do
culto de Hermes e os poderes mágicos que ele detém; as duas serpentes
evocariam o caráter originalmente ctoniano desse deus, capaz de descer
aos Infernos e de para lá enviar suas vítimas, ou, conforme sua vontade,
de retornar dos Infernos trazendo consigo de volta à luz certos
prisioneiros. Pausânias assinala um culto que era prestado ao Hermes
negro e ao Hermes branco - os dois aspectos, ctoniano e uraniano,
nefasto e favorável, do mesmo deus. As serpentes do caduceu designam
essa ambivalência, que é a mesma ambivalência do homem.
Finalmente, de acordo com a interpretação simbólica
inspirada por sua ética biológica, e de acordo com a interpretação
mitológica que atribui o caduceu a Asclépio (Esculápio), pai dos médicos
e futuro deus da medicina porque sabia utilizar as poções para curar os
enfermes e ressuscitar os mortos, Paul Diel explica o caduceu da
seguinTE MANEIRA: A Maça (clava), que é a arma contra a banalidade,
transformou-se em bastão-cetro, símbolo do reino espiritual sobre a vida
terrena, símbolo do reinado do espírito sobre o corpo, e a
serpente-vaidade (a negação do espírito, a exaltação imaginativa,
princípio essencial de todo desregramento malsão) derrama seu veneno na
taça salutar (DIES, 230).
É toda a aventura da medicina que se desenrola no
mito de Asclépio e se resume no caduceu: a verdadeira cura e a
verdadeira ressurreição são as da alma. A serpente enrosca-se em volta
do bastão, que simboliza a árvore da vida, para significar a vaidade
domada e submissa: seu veneno transforma-se em remédio, a força vital
pervertida reencontra o caminho certo. A saúde é: a justa medida, a
harmonização dos desejos (a simetria das espirais das serpentes), a
ordenação da afetividade, a exigência de espiritualização-sublimação,
(que) presidem não apenas à saúde da alma, (mas também) co-determinam a
saúde do corpo (DIES, 233). Essa interpretação faria do caduceu o
símbolo privilegiado do equilíbrio psicossomático.
O que de fato significam os símbolos, quando se referem ao nosso
exercício profissional, é matéria de nosso interesse. O anel do
contabilista é sempre motivo de interrogação sobre seu verdadeiro
significado. Sabemos que a interpretação é sempre um risco, mas a
imaginação supre e compensa, quando nos permite dar sabor de dignidade
ao que conosco carregamos. A simbologia do nosso anel perde-se na noite
dos tempos, mas muito dela ainda resta para comentarmos e buscarmos em
seus verdadeiros significados.
A simbologia do anel de grau
Símbolos são lembranças de conceitos. Diz um antigo ditado que um
símbolo vale mais que cem palavras. Nas profissões, os anéis
representam os graus que conseguimos, ou seja, evidenciam que nos
qualificamos em determinado campo do conhecimento. Como a aliança
representa a constituição matrimonial, e os escudos representam as
agremiações ou entidades, da mesma forma, os anéis são peças
representativas, e enquanto "anéis de grau", eles identificam as
profissões que dependem de estudos.
Atuando em uma das mais antigas profissões do mundo
(a Contabilidade já era exercida na Suméria há quase 6.000 anos), o
contabilista também criou o seu anel. No Brasil, ele vem desde o tempo
dos "peritos-contadores" (há mais de 50 anos), e desde seu aparecimento
possui as seguintes características:
a) Estrutura de ouro.
b) Pedra principal na cor rosa forta.
c) Ladeando a pedra principal, dois brilhantes, um em cada flanco.
d) Em uma lateral, a tábua da lei em platina ou ouro branco.
e) Em outra lateral, o caduceu estilizado em platina ou ouro branco.
Todos esses componentes formam um agregado e possuem
um significado, ou seja, eles são simbólicos. As interpretações variam,
mas as que conhecemos e admitimos passam a prevalecer. Em verdade, tudo
vem de uma tradição, de um costume, e não de um dever ou obrigação.
Símbolos não são normas compulsórias, a não ser, quando integrantes de
um complexo interpretativo como os idiomas e os teoremas.
A pedra cor-de-rosa (rubislite)
A tradição deu ao anel do contabilista a identificação central,
por sua pedra cor-de-rosa forte. Classificada como semipreciosa, ela
possui estrutura hexagonal, apresenta índice de 7,5 a 8 na escala de
dureza de Mohs (que varia de 1 a 10). Quando apareceu, a profissão ainda
não estava dividida em técnicos e contadores. Eram só
peritos-contadores e, posteriormente, contadores (a última turma, antes
da divisão, foi formada no final da década de 40 do atual século XX).
Tal pedra é um silicato hidratado de alumínio, ferro,
magnésio e potássio e tem a cor rosada mais forte. O nome "rubislite"
vem da Escócia, do termo "rubislaw" e foi dado por Heddle em 1879. A cor
eleita provém da semelhança com a do Direito - o rubi - dadas as
ligações doutrinárias que no início do século existiam entre a
Contabilidade e o Direito, a ponto do anel ter de um lado a Tábua da
Lei, e do outro, o Caduceu. Naquela época, predominavam no Brasil as
aulas de Carlos de Carvalho, com forte influência personalista.
Aprendia-se a definição de patrimônio como "conjunto de bens, direitos e
obrigações". Portanto, predominava a corrente personalista. As
explicações científicas eram buscadas na vizinhança, ou seja, no
Direito.
Os próprios conceitos de "débito" e "crédito", que
ainda hoje utilizamos, surgiram de uma extensão dos registros de contas
pessoais do meu e do seu. Na baixa Idade Média, ensinava-se o processo
da partida dobrada, a partir do conceito jurídico: "faça de conta que
essa caixa é uma pessoa que você debita por tudo que a entrega, e
credita por tudo que dela recebe". Assim, está registrada na obra de
Luca Pacioli, a forma de ensinar a debitar e creditar, em 1494, há meio
milênio passado.
A influência da força jurídica predominou nas mais
fortes correntes doutrinárias, mesmo na era científica, surgida no
século XIX. Embora a corrente personalista tenha sido ultrapassada pelas
teorias modernas do controlismo de Fábio Besta, do patrimonialismo de
Masi, do aziendalismo de Zappa, até hoje, por inacreditável que pareça,
ainda estamos a emitir algumas normas pautadas na ciência jurídica.
Alega-se que essa passagem do antigo domínio do
Direito para as correntes materialistas, com a adoção do título de
contador para Bacharéis, Mestres e Doutores, deu origem à mudança da cor
da pedra para um azul forte, bem escuro. O uso das duas cores passou,
inclusive, a admitir, para alguns, que a rosa se conservaria para os
técnicos, e a azul, para os contadores.
Teríamos, nessa hipótese, duas pedras, para os dois
graus respectivos: o médio e o superior. Há, ainda, quem admite que o
anel é privativo de quem diploma-se no curso superior e que os técnicos
não teriam direito a tal prerrogativa. Seja como for, a pedra simboliza
essa afinidade com a lei e tem sua cor próxima a de uma profissão
dedicada às leis, com fortes ligações com a Contabilidade.
Entretanto, a tradição ainda está a conservar a pedra
rosa como a predominante (rubislite). As preferências têm ditado o uso,
e a tradição pesa, ainda, a favor da pedra cor-de-rosa forte, pois
assim era antes da segmentação, quando só havia contadores.
Os brilhantes
Os brilhantes que ladeiam a pedra principal não são privilégio da
nossa profissão. Todos os anéis de grau possuem os brilhantes.
Atribui-se a isto o símbolo do "valor cultural", associado ao "maior
valor das pedras preciosas". É a nobreza da natureza, lapidada: o
diamante que virou brilhante, a pedra bruta que virou pedra polida,
luzente, e a mais nobre de todas as pedras.
Tal simbologia é antiga. Comparou-se sempre o homem
sem instrução com a pedra bruta, e depois de receber a luz da sabedoria,
com a pedra polida. Muita literatura tem se dedicado a tal comparação
(como a interessante obra do Dr. Getúlio Gadelha Dantas: "Fragmentos da
Pedra Bruta", editada pela LEMI, em Belo Horizonte, s/data), por ser
realmente significativa no campo simbólico.
Admitimos, pois, como aceitável e muito adequada, a
inserção dos brilhantes para significar o polimento cultural no anel que
representa o grau de cultura. Os símbolos do "polimento do homem" e da
"expressividade do valor de tal polimento" representam a natureza de sua
qualidade e a grandeza de sua importância no contexto cultural.
A tábua da lei
Em um dos flancos do anel se insere a Tábua da Lei.
Ela tem a forma clássica de um retângulo, encimado por um semicírculo
que se insere no meio da horizontal superior da figura, eqüidistante das
laterais verticais; ao meio, o retângulo se divide por uma linha
vertical, onde, em seus espaços, existem pequenas horizontais, sugerindo
algo escrito, como se fossem normas ali gravadas.
Advém da antiga tradição que a lei foi entregue a
Moisés em uma tábua, contendo os mandamentos ou normas de convivência
dos homens, e que seriam as leis de Deus. Outros dizem que provém das
tábuas onde eram inscritas as leis básicas de antigas civilizações, como
as de Cartago e Roma. As de Cartago eram gravadas em bronze e eram
tábuas expostas. As da Roma antiga, na fase áurea de sua afirmação como
civilização, seriam as famosas XII Tábuas. As Leges Regiae, do tempo da
realeza em Roma, eram apenas dispositivos de Direito costumeiro,
relativos principalmente às coisas sacras, e só indiretamente
relacionados com o Direito privado.
A Lei das XII Tábuas (Lex Duodecim Tabularum), em
vigor desde 449 a.C., foi uma codificação geral redigida por dez
magistrados. Nem todos os seus dispositivos chegaram até os tempos
atuais, mas, por meio das escritas dos jurisconsultos, ela pôde ser
estudada em suas tendências e detalhes. Era um código de Direito
privado, com prescrições de Direito penal e alguns artigos de Direito
religioso. Acredita-se que uma missão romana tenha ido aos Estados
Gregos para inspirar-se em suas leis. A idéia da codificação talvez
fosse grega, mas ela traz a marca incontestável, e em alto grau, do
espírito romano. Não tem fundo helênico, mas codifica os velhos costumes
nacionais. Gravados os seus dispositivos em placas de bronze, era
exposta em logradouros públicos. Constituía a base da cultura jurídica.
Em criança, Cícero a teria decorado.
O conteúdo jurídico da Lei das XII Tábuas era
relativo à liberdade pessoal e à igualdade dos cidadãos: garantia a
liberdade de ação individual no domínio privado, reconhecendo contratos e
testamentos; definia certos pontos de Direito privado como usucapio,
obligatio, manus, patriapotestas, tutela e connubium. Continha também
esta lei a prescrição de penalidade, em caso de falso testemunho,
corrupção, calúnia e outros crimes. Além disso, ela regulava as formas
de processo e ditava regras de higiene e de economia.
A Lei das XII Tábuas punha termo às arbitrariedades
dos magistrados patrícios e às injustiças geradas pela ausência de uma
legislação escrita. Ao Direito costumeiro, desconhecido do vulgo,
desigual para patrícios e para plebeus, substituía um código conhecido
de todos, garantindo, em quase todos os casos, direitos iguais.
Codificada a legislação do passado, a lei não ficou cristalizada, mas
continuou a progredir e a adaptar-se às alterações sociais que surgiam.
De fato, ela deu base a um Direito costumeiro novo, o jus civile, cujas
fontes eram a interpretation ou responsa prudentium e os éditos dos
magistrados, investidos da função judiciária, ou jurisdictio, como os
pretores urbanos e peregrinos. Nova consolidação só foi feita mil anos
mais tarde, no tempo de Justiniano.
Disto tudo, ao longo do tempo, a expressão Tábua da
Lei tornou-se inequívoca, enquanto um símbolo que hoje representa aquela
forma de editar a legislação. Também os balanços do governo - no tempo
da civilização pré-helênica, minóica - eram expostos em praça pública,
em tábuas de mármore (como Melis comprovou ser nos estudos realizados na
Ilha de Creta). A escrita dos sumérios e dos babilônios, há 6000 anos,
era feita em tábuas de argila. Seja o que for, a tábua particular ou
pública, que era um instrumento de respeito e uso da "lei", representa o
símbolo onde se gravavam as obrigações do homem perante seus
semelhantes, perante o Estado.
A profissão contábil está, de fato, muito atada, em
sua parte de escrita de demonstração e de informação, ao regime legal (o
que já não ocorre no campo da ciência onde o fenômeno prevalece sobre a
forma da lei). Aceitar a tábua como instrumento simbólico, e a Tábua da
Lei como afinidade íntima, parece-nos justo, para lembrar perenemente a
responsabilidade legal da escrita contábil como instrumento de fé
pública, e como o limite em que a atuação profissional não deve
transgredir. Todas essas idéias se adaptam a uma simbologia que
apresenta, como uma de suas bases, a responsabilidade na execução da
lei.
As tábuas foram familiares ao uso da escrita pelas
civilizações mais antigas, e a lei uma incumbência que terminou por
responsabilizar os contabilistas como poderosos e importantes
colaboradores e geradores de informações do sistema legal. Tudo isto, em
função da escrita, que hoje sabemos representar, apenas, uma parte da
cultura contábil. Por muito tempo e até princípios do século XIX,
confundiu-se o conhecimento contábil apenas com o de registrar e
informar. Somente a evolução científica libertaria a Contabilidade do
domínio da forma (informação) para fazer prevalecer o da essência (o
fenômeno patrimonial).
As tradições do anel, todavia, prendem-se a essa fase
aparente de nossa profissão, em seu estágio inicial. Na outra lateral
do anel está uma figura que representa uma estilização do caduceu,
mostrando-o encimado pelo capacete do deus Mercúrio ou Hermes (o
primeiro, da mitologia romana, e o segundo, da mitologia grega, mas
identificáveis, pelos historiadores, como sendo o mesmo).
A simbologia da realidade profissional
O anel do contabilista é um agregado de símbolos que deve sugerir
ao seu portador lembranças importantes, relativas ao desempenho
profissional específico de sua área, não havendo distinção entre o anel
do Contador e do Técnico em Contabilidade. Sendo um objeto identificador
de cultura e habilitação para o exercício da profissão contábil, seus
símbolos inspiram significações nitidamente sociais, ligadas à lei e à
proteção dos que desempenham atividades, visando cumprir finalidades
humanas produtivas, em favor próprio e da sociedade.
A tábua da lei, o caduceu, a pedra rosa forte e os
brilhantes são símbolos de qualidades culturais da profissão que lembram
os deveres do contabilista como colaboradores e geradores de
informações no cumprimento do direito, como guardiões da riqueza nas
atividades produtoras da satisfação das necessidades humanas e sociais.
Narração dos acontecimentos relativos à técnica e à ciência da Contabilidade.
A nossa história é tão antiga quanto a própria
História da Civilização. Esta presa às primeiras manifestações humanas
da necessidade social de proteção à posse e de perpetuação e
interpretação dos fatos ocorridos com o objeto material de que o homem
sempre dispôs para alcançar os fins propostos.
Nossa história está revestida de fatos que demostram
uma evolução muito lenta no tempo, prendendo-se em sua manifestações
primeiras, exclusivamente, à própria história das Contas, ou seja, fazer
daquilo que se tem ou daquilo que deverá ser entregue a terceiros.
Foi o pensamento do "futuro" que levou o homem aos
primeiros registros a fim de que pudesse conhecer as suas reais
possibilidades de uso, de consumo, de produção etc. Com o surgimento das
primeiras administrações particulares aparecia a necessidade de
controle, que não poderia ser feito sem o devido registro, a fim de que
se pudesse prestar conta da coisa administrada.
À medida que o homem começava a possuir maior
quantidade de valores, preocupava-lhe saber quanto poderiam render e
qual a forma mais simples de aumentar as suas posses; tais informações
não eram de fácil memorização quando já em maior volume, requerendo
registros.
Tais inscrições, de início bem rudimentares, foram consequência da vida, segundo afirma Federigo Melis.
A História da Contabilidade mereceu diversas
divisões, de acordo com os diversos estudiosos; segundo o Prof. Federigo
Melis, divide-se em quatro períodos distintos:
A História da Contabilidade mereceu diversas
divisões, de acordo com os diversos estudiosos; segundo o Prof. Federigo
Melis, divide-se em quatro períodos distintos:
1º período
História Antiga ou da Contabilidade Empírica, que vai de cerca de 8.000 anos atrás até 1202 de nossa era.
2º período
História Média ou da Sistematização da Contabilidade, que vai de 1202 até 1494.
3º período
História Moderna ou da Literatura da Contabilidade, que vai de 1494 a 1840.
4º período
História Contemporânea ou Científica da Contabilidade, que vai de 1840 até aos nossos dias.
A Historia Antiga refere-se aos estudos do registro
dos fatos contábeis na Suméria, Egito, Elão etc., e termina com o
aparecimento de Leonardo Fibonaci, o Pisano.
A História da Sistematização formou-se no período em
que a Contabilidade assumiu formas sistemáticas de registro, no século
XIII, quando Luca Paciolli publica o seu famoso TRACTATUS, na Summa de
Aritimatica. Segue-se a fase da literatura, com centenas de obras em
todo o mundo, todas de teor prático, terminando quando Francesco Villa,
em 1840, publicou a sua magistral obra que abriu o período científico.
Esta época científica apresenta-nos outra faceta de grande interesse na
História da Contabilidade - a fase da História das Doutrinas Contábeis,
em sua forma de aparecer, evoluir, derivar ou extinguir.
Atualmente o progresso científico da Contabilidade é
deveras extraordinário, continuando a sua história a possuir páginas
brilhantes, escritas por valorosos mestres.
25 de abril
O Dia do Contabilista, foi instituído sob a
inspiração do Senador João Lyra, em 25 de abril de 1926, ocasião em que
proferiu discurso que enalteceu a Classe Contábil Brasileira.
22 de setembro
O Dia do Contador, por sua vez, foi instituído no ensejo de
comemorar a criação do Curso Graduação de Ciências Contábeis pelo
Decreto-Lei nº 7.988, de 22 de setembro de 1945. Sendo que a 22 de
setembro de 1982, comemorou-se pela primeira vez, em Brasília-DF.
São Mateus
O apóstolo Mateus, filho de Alfeu, e também conhecido
por Levi, era de origem judaica. Exerceu na juventude o cargo de
publicano, ou seja, o de cobrador de impostos, na cidade de Carfarnaum,
estando-lhe atribuído o pelouro alfandegário. Dentro de suas atribuições
- idênticas ás dos publicanos da velha Roma - estava a elaboração das
escritas e formulação dos principais documentos de receita.
Atraído pela palavra de Cristo, Mateus deixou o
telônio e dedicou-se à evangelização, deixando uma grande obra como
escritor evangelista. Proclamado "Celeste Patrono dos Contabilistas" em
06 de agosto de 1953, por iniciativa dos Colégios de Contabilistas
italianos. São Mateus é venerado pela igreja, como mártir, em 21 de
setembro, dia que os contabilistas devem consagrar ao santo Padroeiro.
Juramento do bacharel em Ciências Contábeis
“Ao receber o grau de Bacharel em Ciências Contábeis,
juro, perante Deus e a sociedade, exercer a minha profissão com
dedicação, responsabilidade e competência, respeitando as normas
profissionais e éticas.
Juro pautar minha conduta profissional observando
sempre os meus deveres de cidadania, independentemente de crenças, raças
ou ideologias, concorrendo para que meu trabalho possa ser um
instrumento de controle e orientação útil e eficaz para o
desenvolvimento da sociedade e o progresso do país.
Comprometo-me, ainda, a lutar pela permanente união
da classe contábil, o aprimoramento da ciência contábil e a evolução da
profissão”.
Juramento do Técnico em Contabilidade
“Ao receber o meu diploma de Técnico em
Contabilidade, juro, perante Deus e a sociedade, exercer a minha
profissão com dedicação, responsabilidade e competência, respeitando as
normas profissionais e éticas.
Juro pautar minha conduta profissional observando
sempre os meus deveres de cidadania, independentemente de crenças, raças
ou ideologias, concorrendo para que meu trabalho possa ser um
instrumento de controle e orientação útil e eficaz para o
desenvolvimento da sociedade e o progresso do país.
Comprometo-me, ainda, a lutar pela permanente união
da classe contábil, o aprimoramento da ciência contábil, a evolução da
profissão e a realizar esforços para a continuidade de minha formação
contábil”.
Frei Luca Paciolli
Fontes:
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