Se existem muitas dúvidas
sobre as exigências e a parte operacional do Sped Social, os escritórios
de contabilidade têm pelo menos uma certeza: os custos vão subir.
Eduardo Belo
Se
existem muitas dúvidas sobre as exigências e a parte operacional do
Sped Social, os escritórios de contabilidade têm pelo menos uma certeza:
os custos vão subir. O programa vai demandar investimentos em
treinamento, mão de obra e, possivelmente, tecnologia. O aumento deve
ser da ordem de 20%, estima Márcio Massao Shimamoto, diretor do Grupo
King de Contabilidade, com aproximadamente 470 clientes. Shimamoto
acredita que esse aumento de custos vai perdurar por um ano, até que
todo o ciclo de inclusões do eSocial se complete. Passado esse prazo, a
elevação será diluída com a simplificação dos procedimentos e ganhos em
agilidade.
Nem os próprios escritórios estão
preparados. Pesquisa realizada pela Prosoft em dezembro com 1.146
entrevistas indica que 39% das empresas contábeis ainda não têm uma
estratégia para aderir ao programa. Segundo Lollio, treinar os
profissionais será uma tarefa dos escritórios, já que o custo de
capacitação é "relativamente alto".
As palestras sobre o eSocial
realizadas atualmente - inclusive por sua empresa -, ainda sem o
conteúdo definitivo do programa, custam cerca de R$ 800 por pessoa. "Um
curso bem feito, com enfoque prático, terá de ser feito em dois ou três
dias, no mínimo, e não vai custar menos de R$ 2 mil", prevê. Esse custo
vai sair do caixa dos clientes. Os escritórios prometem repassar o
aumento dos encargos.
O problema é o período de adaptação,
afirma Renato Coelho, tributarista, sócio fundador do escritório
Stocche, Forbes, Padis, Filizzola, Clapis Advogados. "A exemplo do que
ocorreu no início da escrituração eletrônica, muitas empresas não estão
aptas. Vão precisar investir em capacitação e softwares. Esse será o
preço da adaptação, mas depois dele os custos vão cair", defende.
A principal dificuldade é quanto à
adequação de sistemas e a sincronização das informações, comenta Cintia
Ladoani Bertolo, tributarista do escritório Bergamini Collucci
Advogados. "As áreas das empresas costumam usar sistemas diferentes, até
por conveniência. Esses sistemas muitas vezes não conversam entre si, o
que traz problemas ao cruzamento de informações", afirma.
Um exemplo: a contribuição
previdenciária de muitas empresas é feita pelo sistema híbrido, com base
na folha de pagamento e na receita bruta. Pode ser que o RH e a área
financeira usem sistemas incompatíveis, gerando informações divergentes.
Antes havia tempo para conciliá-las. A partir do eSocial, a informação
passa a ser transmitida junto com a folha de pagamento.
O volume de exigências preocupa. "Ao
todo são 46 obrigações novas que vão requerer cadastro", afirma
Welinton Mota, diretor tributário da Confirp Consultoria Contábil. "São
46 tipos de arquivo XML ou layouts, num total de 2.540 tags [linhas de
registro], de acordo com as estatísticas de especialistas em software."
Shimamoto estima em 150 os novos
campos de inclusão de informações, com base no que viu no layout
provisório. São informações que antes não eram prestadas. Cabia ao poder
público fiscalizá-las. É o caso dos dados de saúde ocupacional.
"Ninguém era obrigado a informar
todos os exames que o funcionário fazia. Precisava tê-los à disposição
da fiscalização", diz o diretor da King. "Agora é preciso informar cada
exame. Os escritórios de contabilidade não têm essas informações no seu
cadastro hoje."
Welinton Mota acredita que muitos
procedimentos terão de ser revistos. O pagamento das férias, por
exemplo. Legalmente, precisa ser feito com dois dias de antecedência da
data de saída do funcionário. Muitas empresas ignoram a regra e efetuam o
depósito junto com o pagamento do salário. Com a necessidade de fazer o
comunicado eletronicamente e a comunicação tem de estar conectada à
operação de fato, quem não seguir a norma legal estará sujeito a multa.
Matéria publicada no site http://www.contadores.cnt.br/
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