Daniel Lima e Kelly Oliveira
Repórteres da Agência Brasil
Repórteres da Agência Brasil
O consumidor tem como fugir das armadilhas do endividamento e
da inadimplência, segundo especialistas entrevistados pela Agência Brasil. A preocupação
com o não pagamento de dívidas aumentou depois que o governo decidiu
estimular o consumo das famílias, como uma das formas de aquecer a
economia ante a crise internacional.
De acordo com o professor Bento Félix, chefe do Departamento de
Economia das Faculdades Integradas União Pioneira de Integração Social
(Upis), do Distrito Federal, a população brasileira precisa ter maior acesso à educação financeira, de maneira a equacionar a relação entre renda e gastos por meio de um planejamento.
“Para cada tipo de gasto é preciso ter um comparativo entre a renda e o
quanto se tem disponível para a despesa. Mas o que tem acontecido é que
as pessoas estão gastando acima do limite”, critica.
Para quem pretende não ter dor de cabeça no futuro com as contas, o
importante é aprender a organizá-las antes mesmo de partir para o
consumo. Uma saída é recorrer aos vários cursos de educação financeira
gratuitos disponíveis na internet. Muitos são de instituições já
conhecidas dos brasileiros.
Um deles é oferecido pela BM&FBovespa.
O curso aborda temas como a Importância da Educação Financeira,
Consumo, Como a Moeda é Usada na Economia e Investimentos e
Investidores. Alguns tópicos precisam ser atualizados, mas os
fundamentos permanecem os mesmos.
A Fundação Getulio Vargas (FGV) oferece três cursos de graça online: Como Organizar o Orçamento Familiar, Como Fazer Investimentos e Como Planejar a Aposentadoria. Outra alternativa está disponível no site da Serasa Experian, que oferece um simulador financeiro e várias opções para ajudar o consumidor, além do site do Banco do Brasil, que oferece várias dicas para a elaboração de planejamento financeiro pessoal.
O Banco Central oferece um serviço conhecido como calculadora do cidadão,
que permite a simulação de aplicações com depósitos regulares e de
financiamentos com prestações fixas, a correção de valores com base em
diversos indicadores econômicos e o cálculo de valores futuros de um
capital, entre outros.
Para o diretor da Associação Nacional de Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade (Anefac), Louis Frankenberg, existem
alguns fatores importantes que podem ainda ser observados por quem
precisa organizar as finanças e se planejar. Ele lembra que até
profissionais de finanças não têm o hábito de fazer o próprio orçamento
de receitas e despesas domésticas de um ano para o outro. Frankenberg
confessa que ele mesmo, que é contador e atuário, só põe em prática o
que aprendeu na faculdade quando passa a perceber “anormalidades
financeiras” nas contas.
Ele sugere o levantamento de alguns requisitos, tanto por parte dos
casados, quanto dos solteiros, com ou sem filhos, ao planejar as contas.
A proposta não é uma “receita de bolo” e para o planejador financeiro
pessoal é importante que cada pessoa faça a própria relação, sem
esquecer de incluir uma reserva para emergências.
O diretor destaca que é importante fazer o planejamento de receitas e
despesas, mas também pensar no longo prazo, como na aposentadoria. Ele
lembra que a população brasileira está vivendo mais e é comum as pessoas
chegarem aos 85 ou 90 anos de idade. “São 20 ou 30 anos como
aposentado. Tem que ter o suficiente para manter a vida confortável. É
preciso seguir o exemplo do esquilo que guarda nozes no tronco de
árvores para o inverno”, diz.
Frankenberg orienta as pessoas a calcular quanto tempo falta para a
aposentadoria e qual o patrimônio financeiro acumulado. Para ele, a
acumulação de patrimônio e de fontes adicionais de renda deve ser
observada em função da idade atual e do tempo que falta para a
aposentadoria.
O segundo ponto a ser observado é o comprometimento da renda com
moradia e quanto é preciso para complementar, seja com o plano de
previdência privada ou de outra forma, o valor recebido pela
aposentadoria do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Isso
significa que a pessoa terá que se preparar melhor para ter algum tipo
de rendimento por mais alguns anos. Além disso, há as despesas médicas e
os valores cobrados pelos planos de saúde, cada vez mais caros, para
quem tem mais idade.
Outra sugestão é que a pessoa deve se perguntar se a melhor educação
para si e seus filhos irá custar muito dinheiro (poderá absorver de 20% a
30% de suas receitas líquidas) e se esse fator é levado em consideração
no seu orçamento mensal. Além disso, mesmo em queda, existe a inflação e
a depreciação moeda ao longo dos anos.
Para o diretor da Anefac, é importante que cada pessoa inicie
imediatamente um programa de gradativa acumulação patrimonial para não
ter surpresas no futuro. Para isso, segundo ele, os fundos de
previdência complementar são importantes, mas é preciso fazer outros
investimentos, de forma diversificada, como em caderneta de poupança,
CDBs, fundos de ações, entre outros. “O fundo de previdência
complementar é uma opção, mas não se sabe se esse grupo vai falir no
futuro ou se administra mal o dinheiro. E aí não poderá pagar tudo o que
prometeu.”
Frankenberg defende ainda que os cidadãos sejam assessorados por
“pessoas neutras, de confiança e com bastante conhecimento” na hora de
investir dinheiro. “O gerente de banco não vai ter a preocupação de
atender ao cliente de acordo com o seu perfil. É preciso procurar por
consultores que não estejam diretamente interessados na venda de um
produto”, acrescenta.
Edição: Juliana Andrade
Fonte: Agência Brasil
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