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sexta-feira, 8 de junho de 2012

Inovação: o que você tem a aprender com as estrelas do rock?

Segundo Malcolm Gladwell, jornalista, psicólogo e escritor canadense, as pessoas que desejam revolucionar os mercados a partir de suas ideias têm três elementos em comum com os grupos musicais de sucesso: a história, dez anos de trabalho e a inovação experimental



Por Tamara Muñoz, MBA AmericaEconomia
Quando refletimos sobre o que é o sucesso no meio empresarial, a maioria das pessoas pensa em organizações como Microsoft ou Apple. No entanto, qual é o processo de inovação que está por trás dessas companhias? Como seus líderes conseguem se projetar com suas ideias nos mercados internacionais. A receita do sucesso tem uma estreita relação com as experiências das bandas de rock famosas.
Para o escritor, jornalista e psicólogo Malcom Gladwell, um grupo de rock pode fazer história não só com sua música, mas também por sua capacidade de inovação. Para ele, que tem se referido a esses temas em suas aulas de inovação ao longo de sua carreira, um dos melhores exemplos é a experiência da banda inglesa Fleetwood Mac, criada no fim dos anos 1960.
Não é a primeira vez que de um grupo ou estrela musical se extraem lições de negócios, como liderança, marketing, gestão e inovação. No livro "Come Together: The Business Wisdom of the Beatles", Richard Courtney e Cassidy George refletem sobre os ensinamentos que uma banda como essa podem dar aos homens de negócios, que não só se baseiam em seus sucessos musicais, mas também em uma gestão exitosa que lhes permitiu ir mais longe e eternizarem-se na história. Tampouco se excluem estrelas atuais, como a cantora de pop Lady Gaga, que também é um caso de estudo em aulas de marketing.
Imagem: Thinkstock

Gladwell relaciona esses atributos com o que se tem que levar em conta no processo de inovação e que ele descreve assim: "empreendedores que querem mudar o mercado e bandas de rock têm três elementos em comum: a história, dez anos de trabalho e a inovação experimental".

Sucesso: mais que magia

A Fleetwood Mac foi uma das bandas de maior sucesso no mundo nos anos 1970. Entretanto, seus integrantes não conseguiram chegar ao topo de um dia para o outro. Por trás de tudo se esconde um trabalho árduo, como acontece com os inovadores. Isso é fundamental, pois para vários dos especialistas em temas de inovação o processo é quase tão relevante quanto a materialização de uma ideia brilhante.
"Algumas pessoas, quando refletem sobre as grandes ideias, acreditam que elas surgiram de uma hora para outra, consideram que há uma sorte mágica envolvida. Mas as coisas não são assim", destaca Gladwell, que exemplifica com um marco na carreira da Fleetwood Mac, que só depois de 16 anos de sua fundação produziu "Rumours", sua obra mais importante.

No vídeo abaixo, a Fleetwood Mac toca "Dreams", canção do seu álbum clássico "Rumours"

 

 

O mesmo aconteceu com Bill Gates. Embora tenha criado sua empresa aos 21 anos, começou muito antes a praticar programação no computador de um hospital de Seattle. "Gates treinava programação todos os dias, entre as duas e as seis da manhã.Junto a um amigo se deu conta de que essa era a única possibilidade que tinha de usar um computador e aproveitou as oportunidades. E precisamente nesse trabalho duro, nesse esforço que ele teve estava a chave para que mais tarde se convertesse em uma das pessoas mais inovadoras do mundo", enfatiza Gladwell.
Percorrer um extenso caminho está diretamente relacionado com a necessidade de errar, uma fórmula que contribui para as reestruturações necessárias, que Gladwell observa que também ocorrem nos grupos musicais, seja por mudanças de estilo ou inclusão de novos integrantes. Porque – assim como em uma empresa busca-se melhorar, ao longo de diferentes fases de inovação, uma série de aspectos que podem ser processos, produtos, serviços, tecnologias e modelos de negócios, entre outros – algumas bandas também precisam se modernizar e ir ao encontro de novos tempos ou necessidades de novos públicos, e isso faz mais sentido ainda quando tratamos de bandas que sobrevivem anos.
E no caso da Fleetwood Mac, antes de chegar ao estrelato, ela teve que enfrentar muitos momentos complicados. A quantidade de músicos que passaram pela banda foi impressionante. Entretanto, conseguiram converter suas fragilidades em fortalezas. "Essa banda não teria se projetado mundialmente se tivessem seguido uma rota direta para o sucesso. A gente deve entender que passa o mesmo em termos de inovação. É necessário que as pessoas conheçam suas debilidades e se sobreponham a elas", destacada Gladwell.
Um dos casos a que o escritor recorre para exemplificar como se pode tirar proveito das dificuldades é o dos "disléxicos bem sucedidos". "Os psicólogos diferenciam dois tipos de aprendizagem: o capitalizador e o de compensação. O primeiro é o que costumamos associar com o sucesso. No entanto, o segundo é mais eficaz que o outro. Esse é o utilizado, por exemplo, pelos disléxicos, que em sua maioria conseguem sucesso no meio empresarial, pois não só aprendem desde pequenos a delegar funções que eles não podem cumprir, como sabem resolver problemas, aprendem a se comunicar melhor e são bons líderes", afirma Gladwell.

Experimentalismo: o principal ingrediente da inovação

Até a Fleetwood Mac produzir "Rumours", passaram-se vários anos. Durante esse tempo eles não só melhoraram suas habilidades e se anteciparam às mudanças como também experimentaram. Um passo fundamental para sobreviverem e que é vital para empresas e executivos com a chegada de novas tecnologias, por exemplo, é aprender a usá-las e tirar algum proveito delas, sobretudo quando se dirige a um publica que as utiliza.
Segundo David Hills, existem dois tipos de pessoas criativas: os inovadores conceituais e os experimentalistas. Na primeira classificação poderíamos encontrar todos aqueles que em algum momento foram revolucionários com suas ideias. Na segunda estão os que, ao longo de suas carreiras, experimentam sem saber aonde vão, apenas sem sentindo que buscam extrair algo importante de seus trabalhos.
Em um ambiente complexo o sucesso depende de tomar ideias de campos distintos e nesse sentido é vantajoso ser um inovador experimental, capaz de evoluir e dar respostas a ambos os lados. Isso foi precisamente o que fez a Fleetwood Mac, que pode se renovar e fazer frente às mudanças do mercado.
"Definitivamente, nutrir a grandeza requer paciência. Se tivermos isso em mente, poderemos fazer algo importante", finaliza Gladwell.
Fonte: Matéria divulgada no site www.administradores.com.br

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