BRASÍLIA – Graças a receitas extraordinárias, que turbinaram tanto a
arrecadação federal quanto a dos estados, a carga tributária brasileira
bateu novo recorde em 2013 e fechou o ano em 37,65% do Produto Interno
Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país), com alta de
0,53 ponto percentual em relação ao ano anterior, que foi de 37,13%. A
projeção está em estudo do economista José Roberto Afonso feito com base
nos principais impostos, contribuições e taxas pagos no país.
Os cálculos preliminares do economista indicavam que a carga
tributária do ano passado chegaria a 37,5% do PIB, mas o índice cresceu
com o impacto da arrecadação extra que ingressou nos cofres públicos nos
últimos meses de 2013.
O cálculo de Afonso — considerado um termômetro da carga tributária
por antecipar o comportamento dos impostos no país — aponta que os
programas de parcelamento de dívidas tributárias (como o Refis da
Crise), feitos tanto pelo governo federal quanto por estados com o
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 2013, foram
os maiores responsáveis pelo desempenho das receitas.
ICMS ganha participação
O documento destaca que a receita administrada pelo governo central
(formado por Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central)
aumentou sua participação no PIB em 0,37% no ano passado, enquanto a
arrecadação do ICMS subiu 0,28% do PIB.
Segundo o estudo, o bom desempenho do ICMS no ano passado pode ser
atribuído “a uma melhora na atividade econômica, a uma aceleração no
fluxo de importações, e ao resultado de parcelamentos de dívidas
tributárias promovidos por alguns estados, especialmente São Paulo”. Já a
Previdência Social perdeu 0,12% do PIB, refletindo a expansão da
desoneração tributária sobre a folha de pagamentos.
No entanto, Afonso alerta que o número não foi suficiente para que o
governo conseguisse fazer um superávit primário (economia para o
pagamento de juros da dívida pública) suficiente para mostrar ao mercado
um compromisso com a austeridade fiscal. “Mesmo com a carga tributária
recorde, não se conseguiu gerar um superávit primário satisfatório na
opinião do mercado”, afirma o economista no estudo.
Superávit abaixo da meta
Os dados oficiais ainda não foram divulgados, mas os analistas
estimam que o superávit primário de 2013 ficou abaixo da meta de R$
110,9 bilhões, ou 2,3% do PIB, fixada para o setor público. Embora o
ministro da Fazenda, Guido Mantega, já tenha adiantado que a União
cumpriu sua parte da meta, que era de R$ 73 bilhões, e economizou R$ 75
bilhões, ainda não se sabe o tamanho da contribuição de estados e
municípios para o superávit. Eles deveriam poupar R$ 37,9 bilhões, mas
até novembro só haviam conseguido registrar R$ 20,2 bilhões.
Por isso, Afonso alerta que, em 2014, o governo terá problemas na
área fiscal. Isso porque terá dificuldade para “promover o ajuste fiscal
tão ansiado em cima de novo aumento de carga, pois ela já se encontra
acima do melhor patamar anterior”.
Fonte: Matéria publicada no site do Conselho Federal de Contabilidade
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