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Jornal do Comércio Caderno Contabilidade

sábado, 11 de janeiro de 2014

Rendimento da poupança perdeu para a inflação oficial



João Mattos/JC
Dinheiro aplicado a partir de 4 maio de 2012 passou a obedecer a nova regra de rentabilidade
Dinheiro aplicado a partir de 4 maio de 2012
passou a obedecer a nova regra de rentabilidade
Os brasileiros que aplicaram na caderneta de poupança no ano passado perderam dinheiro ou tiveram o mais baixo ganho dos últimos onze anos. Os depósitos feitos depois de maio de 2012, quando entrou em vigor as novas regras de rentabilidade da principal aplicação do País, renderam 5,67%, menos do que o avanço de 5,91% da inflação oficial.

Já para quem ainda tem a "velha poupança", depósitos anteriores a maio de 2012, a rentabilidade real (quando se desconta a inflação) foi a pior dos últimos onze anos. De acordo com cálculos da consultoria Economática, o ganho real foi de apenas 0,43%. Sem descontar a inflação, o ganho nominal foi de 6,37% - o pior para os últimos 47 anos.

De 2000 para cá, o melhor dos últimos anos para o poupador foi 2006, quando a aplicação rendeu 5,10%, já descontado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em 2002, porém, houve perda real de 2,9%.

O dinheiro aplicado a partir de 4 maio de 2012 passou a obedecer a nova regra de rentabilidade da poupança. O governo Dilma Rousseff definiu que a aplicação rende menos toda vez que a taxa básica de juros foi igual ou inferior a 8,5% ao ano. Quando alcança esse patamar, a "nova poupança" têm seus rendimentos calculados com base em 70% da Selic mais Taxa Referencial (TR).

O objetivo ao vincular a remuneração da poupança à Selic foi evitar que a queda da taxa básica de juros tornasse a poupança mais atrativa que outras aplicações de renda fixa e provocasse grande migração de ativos. Assim, na prática, Dilma liberou o Banco Central (BC) para reduzir a taxa básica de juros. Depois de começar o ano no patamar mais baixo, de 7,25% ao ano, a Selic voltou a subir em 2013 e fechou o ano em 10% ao ano.

José Nicolau Pompeo, professor de Economia e Finanças da PUC-SP, afirma que, com a inflação pressionada, o pequeno poupador está fadado a ganhar pouco. "Colocar na poupança é melhor do que deixar o dinheiro debaixo do colchão e perder toda a inflação acumulada do ano", afirma. Para ele, a poupança ainda continua atrativa para a maioria dos investidores - no ano passado bateu recorde de captação de R$ 71 bilhões - porque apenas uma parcela pequena faz cálculos sobre a rentabilidade real dos investimentos.

"Para os investidores que têm pouco dinheiro e querem liquidez imediata, o mercado não oferece outras opções além da poupança", completa Paulo Cesar Batista, professor da Universidade Estadual do Ceará. "O governo acaba tirando vantagens da aplicação: simplicidade, liquidez imediata, isenção do Imposto de Renda", afirmou. Segundo ele, os investidores da caderneta de poupança não recuperam a inflação acumulada ao longo de todo o ano. "Outros fundos e aplicações são muito complexos para o pequeno investidor. O custo da gestão financeira torna impossível que esse tipo de aplicador invista em outras modalidades", explica.

Fonte: Matéria publicada no site do Jornal do Comércio RS

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