A programa de TV, ministro disse que descontar os investimentos da meta de superávit primário não é uma medida heterodoxa
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira, em entrevista ao programa Conta Corrente,
da Globo News, que descontar os investimentos da meta de superávit
primário não é uma medida heterodoxa, "é uma medida concedida a países
que possuem responsabilidade fiscal".
Mantega frisou que isso
não é uma novidade e que essa atitude já foi tomada em 2009. Ele
justificou o resultado fiscal menor de 2012 afirmando que foi
necessário fazer desonerações, ao mesmo tempo em que houve queda na
arrecadação.
O ministro refere-se ao que economistas chamam de
"contabilidade criativa", que consiste em fazer manobras contábeis
legais nas contas públicas, tais como descontar os gastos com o PAC do
conjunto de despesas realizadas no ano – transformando-as em
investimento. Isso, aliada a outras ações, permitiria que o governo atingisse sua meta fiscal fixada para este ano, que é representada pelo coeficiente de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB).
Mantega lembrou ainda que o Brasil está fazendo uma forte economia com
o pagamento de juros e garantiu que, em 2013, o Brasil terá maior
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e "faremos o superávit
cheio". "Em 2013, economizaremos entre 40 bilhões de reais e 50 bilhões
de reais com juros", disse.
O ministro também afirmou que, no
ano que vem, o país voltará a mostrar crescimento de produtividade
maior do que a alta dos salários, como era em 2010. "Um aumento de
salários entre 1,5% e 2% é suportável se a produtividade crescer 3%. E
em 2013 vamos voltar a isso", afirmou. Quanto à alta maior do salário
mínimo, Mantega afirmou que "isso é uma medida social".
Crise europeia - O
ministro da Fazenda disse também que a Europa está mergulhada em uma
crise crônica e que está empurrando a solução com a barriga. Ele
ressaltou a dificuldade do bloco em colocar medidas em prática e a
demora em implantar instituições.
"O presidente do Banco
Central Europeu, Mário Draghi, me disse que a supervisão bancária não
sai antes de 2014", afirmou o ministro. Para Mantega, "só aí é que o
BCE (Banco Central Europeu) pode ajudar a Espanha". Na avaliação do
ministro da Fazenda, a crise econômica da Europa não vai aumentar, mas
haverá baixo crescimento e mais desemprego e "a crise política vai se
agravar".
Mantega considera que o mercado financeiro europeu
está estabilizado, mas fechado e sem dinamismo. Isso faz com que "o
pessoal venha atrás do nosso mercado, e aí temos que defender e não
proteger, porque não gostamos de protecionismo".
Eco - Em entrevista ao jornal El País
publicada no domingo, a presidente Dilma Rousseff já havia dito que
o problema da Europa é a aplicação de "soluções inadequadas para a
crise", cujo resultado será um empobrecimento das classes médias. "Neste
ritmo, se produzirá uma recessão generalizada", afirmou ao jornal.
"Nós já vivemos isso. O Fundo Monetário Internacional (FMI) impôs um
processo que chamaram de ajuste, agora dizem austeridade. Tínhamos de
cortar todos os gastos. Asseguravam que assim chegaríamos a um alto grau
de eficiência. Esse modelo levou a uma quebra de quase toda a América
Latina nos anos 80", disse a presidente. "As políticas de ajuste por si
só não resolvem nada se não há investimento, estímulos ao crescimento.
E se todo o mundo restringe gastos de uma vez, o investimento não
chegará."
(com Estadão Conteúdo) e Veja
Fonte: Matéria divulgada no Jornal Contábil
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