Ter aversão ao erro e pensar que sabe tudo são dois equívocos que minam a capacidade de inovar
Em uma época de mudanças rápidas, o sucesso das empresas depende muito da sua capacidade de inovar. E, no centro da inovação, estão as pessoas - já que é delas esta habilidade, diz Valter Pieracciani, sócio fundador da Pieracciani, consultoria em inovação e gestão do conhecimento.
De acordo com ele, além das pessoas, ambiente e reconhecimento também são as chaves do poder de inovação. E é também por isso que os erros que tolhem esta capacidade - tão necessária nos dias de hoje - envolvem estas três dimensões.
Algumas lições do século passado ainda estão muito vivas e os profissionais precisam mudar estes paradigmas”, diz Pieracciani. São estes velhos conceitos ainda tão presentes, os responsáveis pelos erros que aniquilam a face inovadora de qualquer um. Confira setes deles, citados pelos especialistas:
Aversão ao erro
Errar, jamais! Esta máxima é capaz de acabar com o poder de inovação de uma pessoa, e também de uma empresa inteira.
De acordo com Pieracciani. “Ainda predominam a aversão o erro e a atitude de esconder os erros que aparecem quando na verdade errar é aprender”, diz o especialista.
As pessoas inovadoras não têm medo de errar e não são vítimas da autoproteção da sua imagem, o que as impediria de arriscar imaginar novas alternativas dentro do ambiente de trabalho, segundo Yoshimiti Matsusaki, diretor da Finnet, empresa de tecnologia.
Pensar que já sabe tudo
“O mundo muda rapidamente e novidades são lançadas o tempo todo. As pessoas precisam ter a humildade de se sentirem ignorantes”, diz Pieracciani.
“Eu sei o que estou fazendo”, “sempre fiz assim”, “o cliente não sabe nada, quem sabe o que é melhor sou eu”. Estas três frases são grandes vilãs para a capacidade de inovação de um profissional, segundo o especialista.
Colocar fronteiras na atuação
A baia em que você trabalha é a primeira fronteira que aparece durante o seu expediente. Restringir-se às funções, e não “olhar” para o lado é um erro frequente que limita, e muito, a presença da inovação no seu dia a dia.
O mesmo vale para departamentos e, no limite, para a empresa. “Não somos nós que cuidamos disso”, “A minha parte eu fiz”, são alguns dos exemplos das barreiras que muitos profissionais insistem em colocar no que diz respeito aos limites da atuação, segundo Pieracciani.
Não estimular os sentidos, sonhos, capacidade de arriscar e de transformar
Os grandes inovadores da História têm, em comum, segundo Pieracciani, quatro características em comum. A primeira delas é a capacidade de sentir, de perceber. “É usar todos os sentidos para perceber as situações de forma diferente”, explica Pieracciani.
A segunda característica marcante em inovadores é a habilidade de sonhar, de imaginar novas alternativas, de desafiar o convencional, de ir além. A terceira é a capacidade de acreditar, de arriscar, em suma, de tentar inovar. E, por fim, o quarto aspecto comum às pessoas com alto poder de inovação é a capacidade de transformar. “Transformar a si próprio e ao ambiente”, explica Pieracciani.
Portanto, não dar valor e, muito menos, estímulos ao desenvolvimento dessas habilidades, enfraquece a capacidade de inovação de muita gente. “Todos nós temos essas capacidades e é isso que nos diferencia dos outros animais”, diz Pieracciani. O que falta é o estímulo.
Confundir inovação com tecnologia
“Esta é uma armadilha em que muitas pessoas caem a respeito do que é inovar. Vejo pessoas entendendo como inovação a busca de um novo patamar tecnológico”, diz Matsusaki.
Ao condicionar a inovação a um salto tecnológico, o risco é continuar fazendo as mesmas coisas só que usando uma tecnologia nova, explica o especialista.
“Ao criar um novo produto ou serviço usando os recursos disponíveis é que está a grande inovação”, explica o diretor da Finnet.
Ele cita táxis compartilhados no Chile como exemplo de inovação sem adoção de tecnologia de ponta. “É um conceito interessante de inovação no plano de serviço. Lá as pessoas com o mesmo destino dividem táxis, o que gera uma grande redução de custo.”, explica.
Ficar engessado em meio à rigidez dos processos
Quer inovar? Não fique tão refém de uma rotina abarrotada de rígidos processos e métodos. Organizar-se em processos e métodos com o intuito de maximizar o desempenho pode tolher a liberdade necessária para o surgimento da inovação.
“Ás vezes esses processos se transformam em amarras, e a pessoa não percebe o quanto está presa à rotina que criou”, explica Matsusaki.
Trabalhar para uma empresa que não estimula a inovação
De um ambiente de trabalho em que conhecimento, flexibilidade, comunicação e experimentação não sejam valorizados, dificilmente, despontarão inovações.
“As empresas inovadoras colocam as pessoas em primeiro lugar”, lembra Pieracciani. Acreditar em novas ideias e negócios e ter o compromisso com a constante mudança são características comuns à cultura de empresas que estimulam a inovação. “Tome o exemplo do Google, que é uma empresa em constante metamorfose”, diz o especialista.
Portanto, trabalhar para uma organização que não dê importância a estes aspectos pode, sim, acabar com o seu poder de inovar.
Fonte: EXAME
Matéria divulgada no site Conselho Federal de Administração
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