Jorge Wamburg
Repórter da Agência Brasil
Criado pela Lei 10.836, de 9 de janeiro de 2004, o Bolsa
Família vai completar dez anos. Um estudo do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a cada R$ 1 investido no programa
de transferência de renda provoca aumento de R$ 1,78 no Produto Interno
Bruto (PIB).
O estudo aponta ainda efeitos do programa no consumo das famílias. "O
Programa Bolsa Família é, por larga margem, a transferência com maiores
efeitos sobre o PIB, que aumenta R$ 1,78 a cada R$ 1 adicionado ao
programa. Ou seja, nessas condições, um gasto adicional de 1% do PIB no
programa, que privilegia as famílias mais pobres, gera aumento de 1,78%
na atividade econômica – e de 2,40% sobre o consumo das famílias –, bem
maior que o de transferências previdenciárias e trabalhistas crescentes
de acordo com o salário do beneficiário", dizem os pesquisadores em
trecho do livro Programa Bolsa Família: uma década de inclusão e cidadania, que será lançado no próximo dia 30.
Conforme o estudo, o programa reduziu em 28% a extrema pobreza no
país, entre 2002 e 2012. "Sem a renda do Programa Bolsa Família, a taxa
de extrema pobreza em 2012 seria 4,9%, ou seja, 36% maior que a
observada com o programa", diz o capítulo do livro que trata dos efeitos
macroeconômicos do Bolsa Família, divulgado pelo presidente do Ipea e
ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, que
assina o capítulo junto com os pesquisadores Fabio Vaz e Pedro de Souza.
Os pesquisadores concluíram que o programa contribuiu para aumentar a
freqüência escolar e queda da repetência, da inatividade de pessoas
classificadas como “nem-nem” (não estudam nem trabalham), da mortalidade
em crianças menores de cinco anos e da prevalência de baixo peso no
nascimento, além de crescimento na proporção de crianças com vacinas nas
idades corretas. Os estudos não indicam estímulo à informalidade e à
fecundidade, segundo o Ipea.
Na apresentação dos dados, o programa recebeu o 1º Prêmio Award for
Outstanding Achievement in Social Security, concedido pela Associação
Internacional de Seguridade Social, na Suíça, em reconhecimento ao
combate à pobreza e na promoção dos direitos sociais da população de
baixa renda. A organização tem 330 filiadas em 157 países. A cerimônia
oficial de premiação será em novembro, no Catar.
Para a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, os dados
“derrubam todos os mitos sobre o Bolsa Família, como o da preguiça e o
da informalidade, e comprova estatisticamente os seus efeitos
positivos”, e rebate as críticas de assistencialismo e gastos elevados.
De acordo com a ministra, esses efeitos não se deram apenas em relação à
distribuição de renda, mas também na qualidade de vida das famílias
beneficiadas pelo programa, em questões como educação e redução da
mortalidade infantil.
Atualmente, o programa beneficia 13,8 milhões de famílias, quase 50
milhões de pessoas. Em 2013, o orçamento previsto é R$ 24 bilhões, cerca
de 0,46% do PIB, segundo o ministério.
Edição: Carolina Pimentel
Fonte: Agência Brasil
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